O mercado de capitais bateu recorde de captação em 2021. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o setor, que inclui renda fixa, híbridos e renda variável, movimentou um montante de R$ 596 bilhões.
A renda fixa ganhou grande destaque no balanço do ano, aumentando em 81,9% a sua captação na comparação com 2020, na qual passou de R$ 257,1 bilhões para R$ 467,9 bilhões.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Com a alta da taxa básica de juros, a atratividade pela renda fixa ante a renda variável tende a aumentar, mas os investimentos na Bolsa de Valores também se mostraram fortes no ano.
O mercado de renda variável arrecadou R$ 128,1 bilhões no período de 12 meses, enquanto em 2020 o valor foi de R$ 116,3 bilhões e em 2019, R$ 89,6 bilhões.
“Os números foram muito fortes em todos os mercados e acredito que tivemos um ano bem completo. Destacamos o mercado secundário de renda fixa, que, por causa do aumento de prazo de pagamento ocorrido durante o ano, se tornou mais atrativo”, afirma José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.
De acordo com o levantamento, só no último trimestre do ano, 44% das emissões contaram com prazos acima de 7 anos.
As debêntures também encerraram 2021 com força, captando R$ 253,4 bilhões no período, um aumento de 109,2% na comparação anual. O mercado secundário de debêntures também bateu recorde em volume negociado, com R$ 216,1 bilhões.
IPOs
Em 2021, a B3 contou com o maior número de IPOs (Oferta Pública Inicial) da história, com mais de 40 empresas iniciando as suas negociações na Bolsa. Esse movimento também representou forte alta no valor captado por essas operações, que totalizou R$ 128,1 bilhões no ano.
O levantamento da Anbima mostra que boa parte do valor captado pelas companhias está sendo revertido para o caixa dessas empresas, o que não acontecia com tanta força nos anos anteriores.
2022
Para a associação, 2022 vai ser um ano com mais desafios, já que a previsão é de novas altas da taxa Selic, na busca do controle da inflação, e um cenário político conturbado, com expectativas voltadas para as eleições. Porém, Laloni acredita que o mercado de capitais não deve sofrer tanto.
“Acredito que a indústria de fundos e os investidores como um todo aprenderam a diversificar seu portfólio. Então, vimos um crescimento no mercado de ações, fundos multimercados, plataformas digitais e novas iniciativas no setor, o que mostra que o mercado se mexeu muito nesses últimos anos e está mais preparado”, afirmou.
Para ele, não é possível prever se a renda fixa continuará mais forte neste ano, mas a tendência de entrada de recursos no mercado de capitais em geral deve se manter, mesmo com juros a 12% ou a 2%”, diz.
“À medida em que o investidor aprende a investir da maneira correta, essa alocação deve continuar a existir”, conclui Laloni.