O Santander Brasil prevê volatilidade da taxa de câmbio ao longo deste ano, com desvalorização do real dado o cenário de incerteza em torno da questão fiscal, e ainda inflação bem acima do teto da meta.
De acordo com primeira publicação do Santander com projeções macroeconômicas para o Brasil em 2022, o real deve sofrer com incertezas elevadas relacionadas à trajetória de longo prazo da dívida pública e às decisões de política econômica para tratar do problema fiscal.
O banco projeta a moeda norte-americana a R$ 5,70 ao fim de 2022, e a R$ 5,20 em dezembro de 2023. Nesta quinta-feira, o dólar era negociado em torno de R$ 5,42.
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A perspectiva tem como base “sinais positivos no quarto trimestre de 2022 sobre um provável retorno de negociações para reformas macroeconômicas no ano seguinte”, diz a nota da equipe comandada pela economista-chefe Ana Paula Vescovi.
Em relação à inflação, houve revisão para cima na projeção para a alta do IPCA deste ano, passando a 6,0%, de 5,8% antes.
O resultado supera o teto da meta perseguida pelo Banco Central para este ano, que é de 3,50%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
A correção para cima deve-se a surpresas em leituras recentes e a mudanças em hipóteses específicas para reajustes de preços administrados, particularmente licenciamento de automóveis.
Para 2023, a conta permaneceu em uma alta de 3,5% para o IPCA, contra objetivo central de 3,25%.
“Continuamos a enxergar um processo desinflacionário lento e arriscado, em meio a dificuldades no processo de reancoragem (e resultantes riscos de uma maior inércia). Antecipamos uma composição mais desfavorável para a inflação este ano, com itens mais ligados aos núcleos de inflação ainda acelerando, e itens mais voláteis perdendo força”, disse a nota.
Para a economia, o Santander passou a ver crescimento ligeiramente mais fraco em 2021, de 4,6%, contra alta de 4,7% prevista antes. O IBGE divulgará em 4 de março os dados do PIB do quarto trimestre e de 2021 como um todo.
Para 2022 permanece a expectativa de expansão de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), apesar de o resultado do primeiro trimestre ter sido elevado em 0,3 ponto percentual, a 0,7%, como reflexo da melhora nas expectativas para as principais safras em 2022 e os maiores níveis de mobilidade urbana. Mas há riscos a serem monitorados.
“Estamos monitorando os efeitos da seca na região Sul do Brasil assim como a onda de contágio da variante Ômicron, que configuram riscos baixistas relevantes para nossas projeções”, alertou a nota.
Com o Banco Central buscando ancorar as expectativas de inflação e para isso apertando a política monetária, a previsão é de uma taxa básica de juros terminal de 12,25% ao ano.
A Selic está atualmente em 9,25%, e o Santander projeta altas de 1,50 ponto percentual em fevereiro e março, com espaço para iniciar o processo de redução em direção ao nível neutro de 7% apenas em 2023, e isso se as incertezas de política econômica diminuírem.