O presidente do Banco Central, Roberto Capos Neto, disse ontem em entrevista que manter a inflação sob controle é a melhor forma de ajudar o crescimento econômico a longo prazo.
Questionado se o BC poderia adotar uma estratégia de política monetária mais “suave” para evitar prejudicar a atividade brasileira, Campos Neto afirmou que a melhor forma de ajudar o crescimento de forma sustentada e estrutural é fazer com que a inflação fique sob controle.
“Se a inflação sair do controle e desancorar, todo o resto das variáveis macroeconômicas se desorganiza muito rápido. E, como o país tem uma memória inflacionária muito viva, a forma como isso é desorganizado é muito mais acelerada”, disse ele.
“Nossa principal missão é a inflação… Entendemos que o instrumento que nós temos é eficiente e vamos usá-lo.”
O Banco Central deu início em março do ano passado a um agressivo ciclo de aperto monetário, tirando a taxa Selic de uma mínima histórica de 2%. Atualmente, os juros estão em 10,75% ao ano, e a autarquia já indicou na última reunião do Copom que haverá mais aumentos à frente.
Na entrevista, Campos Neto repetiu projeção feita na semana passada de que o pico da inflação em 12 meses no Brasil deve ocorrer entre abril e maio, mas afirmou que há riscos que podem mudar essa estimativa – já revisada outras vezes pelo presidente do BC -, como eventual extensão da bandeira tarifária de escassez hídrica.