O dólar estendia suas perdas para um quarto pregão consecutivo de hoje (23), chegando a cair para a faixa de R$ 5,01 devido à manutenção de fluxos para o mercado doméstico, que oferece juros atrativos.
Às 10:02 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,71%, a R$ 5,0153 na venda.
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A moeda norte-americana foi a R$ 5,0150 no piso da sessão, queda de 0,71%. A última vez que o dólar fechou abaixo desse patamar foi no dia 30 de junho passado (R$ 4,9764).
Na B3, às 10:02 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,88%, a R$ 5,0185.
Com o desempenho desta manhã, o dólar à vista aprofunda as perdas no acumulado de fevereiro para cerca de 5,4%, intensificando a queda em 2022 para quase 10%. O real tem o melhor desempenho no mês e no ano entre as principais moedas.
Por trás da intensa desvalorização da moeda norte-americana está um “fluxo grande de dólar para o mercado, depois que o Brasil – e mercados emergentes, num geral – se adiantou em relação a países desenvolvidos na normalização da política monetária”, disse à Reuters Bruno Mori, planejador financeiro da Planejar.
Quanto maior o diferencial de custos de empréstimo entre Brasil e economias desenvolvidas, como os Estados Unidos, maior tende a ser a atratividade do real para estratégias de “carry trade”, que tentam lucrar com a compra de divisas que oferecem retornos elevados. A taxa Selic está atualmente em 10,75%, enquanto os juros da maior economia do mundo seguem perto de zero.
Mori também apontou os preços altos das commodities como fator de impulso para a moeda brasileira, uma vez que tendem a intensificar o ingresso de dólares em países exportadores.
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Ontem (22), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a taxa de câmbio brasileira tem sido afetada por uma série de variáveis – como o juro mais alto, desempenho fiscal melhor do que o esperado e rotação de ativos – que estão contribuindo para sua apreciação e gerando entre investidores uma percepção de que é “importante entrar agora”.
Diante desse cenário, Mori afirmou que o dólar pode testar patamares abaixo da marca psicológica de R$ 5, embora alerte para a natureza “temporária” do fluxo de recursos estrangeiros para o Brasil.
Ele chamou a atenção para a permanência de riscos políticos, devido à aproximação das eleições presidenciais de outubro, e para a perspectiva de aumentos de juros nos EUA ao longo deste ano, que tendem a beneficiar o dólar.
No exterior, o índice do dólar caía 0,1%, conforme investidores aguardavam os próximos desdobramentos envolvendo os atritos entre Rússia e Ucrânia.