Os investidores estrangeiros parecem mais otimistas com a taxa de câmbio, mas os locais vão na direção contrária e estão se tornando “cada vez mais pessimistas”, disse André Digiacomo, estrategista de juros e moedas para a América Latina do BNP Paribas.
Segundo ele, dados de posicionamento de não residentes e investidores institucionais em contratos futuros atrelados ao dólar desenham esse quadro, mas também medidas internas do BNP que rastreiam macro hedge funds já mostram uma “virada de mão” dos locais.
“Os locais estão mais negativos com o real a esses níveis… O otimismo parece ter passado um pouco e agora eles estão mais precavidos em iniciar posições positivas na moeda brasileira”, afirmou.
“Há, enquanto isso, um aumento de posições negativas (no real). O risco é assimétrico”, completou, referindo-se à percepção de mais chances de alta do dólar — com a moeda nos patamares atuais, em torno ou abaixo de R$5 — do que de queda adicional.
Nesse contexto, o real estaria caro pelos modelos de curto prazo do banco francês. Mas Digiacomo ressaltou que, estruturalmente, a visão é mais positiva para o câmbio.
“O real é uma das moedas que mais teve descolamento em relação a seus termos de troca, ao seu balanço externo, isso descolou muito o real de outras moedas”, disse.
“Sempre acreditamos que essa quebra (de correlação) nunca foi estrutural, mas que seria um movimento defasado. Em algum momento veríamos esse descolamento desaparecer e o real voltar a performar em linha com seu balanço externo… Isso está voltando a acontecer agora.”
O dólar à vista chegou a cair para R$4,9944 hoje (23), com a moeda brasileira no topo do desempenho entre as principais divisas globais no dia, no mês e no ano.
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