O IPCA-15 acelerou a alta com força em fevereiro ao maior nível para o mês em seis anos com a sazonalidade dos custos de educação, o que levou a taxa em 12 meses a se aproximar de 11% em meio aos movimentos do Banco Central para tentar controlar a inflação elevada no país.
Em fevereiro, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), prévia da inflação brasileira, passou a subir 0,99%, de uma taxa de 0,58% em janeiro.
Essa é a maior variação mensal para um mês de fevereiro desde 2016 (+1,42%), de acordo com os dados divulgados hoje pelo IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com isso, em 12 meses até fevereiro o índice acumulou alta de 10,76%, de 10,20% em janeiro, patamar mais alto nessa base de comparação desde fevereiro de 2016 (10,84%).
Essa taxa é mais do que o dobro do teto da meta de inflação para 2022 –3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
Os resultados ficaram ainda bem acima das expectativas em pesquisa da Reuters de avanços de 0,85% no mês e de 10,60% em 12 meses.
Em fevereiro, os preços de oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram. A maior variação e o maior impacto vieram do grupo Educação, com avanço de 5,64%, diante da alta de 6,69% dos cursos regulares devido aos reajustes normalmente adotados no início do ano letivo.
Alimentação e bebidas também se destacou com aceleração da alta dos custos a 1,20% em fevereiro, de 0,97% no mês anterior. As maiores altas foram registrados em tubérculos, raízes e legumes, como a cenoura (49,31%) e a batata-inglesa (20,15%).
Já Transportes deixou para trás a queda de 0,41% vista no primeiro mês do ano para subir 0,87% em fevereiro, com destaque para o avanço de 2,01% dos veículos próprios. Ao mesmo tempo, os combustíveis registraram estabilidade em fevereiro, uma vez que óleo diesel (3,78%) e a gasolina (0,15%) subiram, mas etanol (-1,98%) e gás veicular (-0,36%) registraram quedas.
A exceção entre os grupos foi Saúde e cuidados pessoais, com recuo dos preços de 0,02% após a alta de 0,93% em janeiro.
O Banco Central iniciou 2022 elevando a taxa básica de juros Selic em 1,5 ponto percentual pela terceira vez consecutiva, a 10,75% ao ano, mas indicando redução no ritmo de ajuste na próxima reunião de política monetária.
Ao mesmo tempo, demonstrou preocupação com a adoção de políticas fiscais que buscam controlar a inflação no curto prazo, ressaltando que as medidas podem gerar efeito contrário, de alta nos preços, em meio às discussões feitas no Executivo e no Congresso sobre um possível corte de tributos para aliviar os valores cobrados em combustíveis.
A pesquisa Focus mostra que os especialistas consultados pela autoridade monetária veem a Selic a 12,25% ao final deste ano, com a inflação em 5,56%.