O Ibovespa fechou hoje (29) em alta de 1,08%, a 120.014 pontos, acompanhando o otimismo do exterior. As bolsas internacionais foram impulsionadas pela expectativa de um possível acordo de paz entre Kiev e Moscou, que fizeram reuniões presenciais hoje na Turquia após semanas de indefinição.
O ministro de defesa russo, Vladimir Medinsky, afirmou que havia dado alguns passos para diminuir a pressão da guerra na Ucrânia na região de Kiev e Chernihiv, apesar disso não significar ainda um cessar fogo.
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“A cada notícia positiva vinda de um possível cessar fogo na Ucrânia, veremos os ativos que estavam mais largados, como os de varejo e tecnologia, se destacarem, o que ocorreu hoje”, diz Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed.
O destaque positivo do pregão foram as varejistas: as ações da Via (VIIA3) subiram 8,63%, seguidas por Americanas (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3), que avançaram 8,42% e 8,19%, respectivamente.
Na cena doméstica, a criação de empregos formais em fevereiro em montante muito acima do esperado pelo mercado também contribuiu para a melhora do humor. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram criados quase 330 mil novos postos de trabalho – as expectativas mais otimistas indicavam 327 mil.
Apesar da continuação do movimento de depreciação no preço do barril de petróleo Brent, que fechou em queda de 0,92%, a US$ 104,98 – também em reação aos avanços das negociações de paz –, as ações da Petrobras (PETR3, PETR4) tiveram ganhos de 1,23% e 2,22%.
“O mercado recebeu bem a notícia da troca na presidência da Petrobras. O nome de Adriano Pires foi visto como uma escolha técnica”, avalia Oliveira.
“O mercado quer a manutenção da paridade do preço dos combustíveis à cotação internacional e enxerga na estratégia um estabilizador para que as diferenças entre o preço praticado [no Brasil] e cotação internacional não sejam tão extensas”, acrescenta ele.
Enquanto isso, novos lockdowns na China causaram quedas nos preços das commodities, setor que sustentou as altas do Ibovespa das últimas semanas. Mesmo o avanço de 0,5% do minério de ferro em Dalian não foi capaz de fazer contraponto ao pessimismo em torno de possíveis disrupções em cadeias produtivas.
Alguns dos destaques negativos ficam com as mineradoras Gerdau (GGBR4) e Gerdau Metalúrgica (GOAU4), que recuaram 2,02% e 1,71%, respectivamente. A Vale (VALE3) fechou em baixa de 0,83%.
Em Wall Street, os sinais de progresso nas negociações entre Rússia e Ucrânia também influenciaram positivamente os principais índices dos Estados Unidos. A queda dos preços do petróleo, por sua vez, impulsionou o setor de consumo do S&P 500, que fechou em alta de 1,54%.
O Dow Jones avançou 0,97%, a 35.294 pontos, o S&P 500 teve ganhos de 1,23%, a 4.631 pontos e o Nasdaq fechou em alta de 1,84%, a 14.619 pontos.
As bolsas de Nova York subiram nas últimas semanas, revertendo muitas das perdas após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Todos os três índices dos EUA estão a caminho de terminar março no positivo.
O dólar fechou em baixa de 0,29%, a R$ 4,7577, embora tenha recuperado terreno em relação à mínima do dia, de R$ 4,7177.
No acumulado de 2022, a divisa acumula queda de 14,7% ante o real. O bom desempenho da moeda brasileira está relacionado ao alto patamar dos juros domésticos – atualmente em 11,75% – e à disparada dos preços das commodities desde o início da guerra no Leste Europeu.
No entanto, a melhora do clima entre Kiev e Moscou tem o potencial de reduzir os preços das commodities e isso poderia causar eventual “normalização” no câmbio.
“Isso não quer dizer que vamos voltar para o patamar de R$ 5,50, porque acabar com o conflito não significaria acabar com as sanções contra a Rússia”, afirma Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital. As sanções econômicas manteriam a pressão, ainda que menor, sobre os preços das commodities. (Com Reuters)