A Rússia informou no domingo que os pagamentos de títulos soberanos dependerão das sanções adotadas pelo Ocidente devido à invasão da Ucrânia, levantando a perspectiva do primeiro grande calote em títulos estrangeiros desde os anos seguintes à revolução Bolchevique de 1917.
O Ministério das Finanças da Rússia disse que pagará a dívida soberana totalmente e pontualmente, mas que esses pagamentos podem ser afetados pelas sanções internacionais.
“A possibilidade real de fazer tais pagamentos a não residentes dependerá das medidas adotadas por Estados estrangeiros em relação à Federação Russa”, disse o ministério em comunicado.
Isso levanta a possibilidade de um default técnico da dívida pela Rússia depois de 640 bilhões de dólares em reservas terem sido congelados pelo Ocidente após o presidente Vladimir Putin ter ordenado em 24 de fevereiro o que a Rússia descreve como operação militar especial na Ucrânia.
A partir de agora, a Rússia usará rublos para fazer pagamentos a residentes de títulos denominados em moeda estrangeira, disse o ministério.
O Ministério das Finanças também afirmou de forma explícita que a Rússia pode não conseguir fazer os pagamentos de títulos devido a restrições adotadas pelo governo russo.
Em 1998 a Rússia deu calote em 40 bilhões de dólares em dívida doméstica e desvalorizou o rublo sob o comando do presidente Boris Yeltsin porque estava efetivamente falida depois da crise de dívida asiática e da queda dos preços do petróleo, o que abalou a confiança em sua dívida de curto prazo em rublo.
Desta vez, a Rússia tem o dinheiro mas não pode pagar porque as reservas –a quarta maior do mundo– que Putin ordenou que fossem feitas para uma crise foram congeladas pelos Estados Unidos, União Europeia, Reuno Unido e Canadá.
Poderá ser o primeiro grande calote da dívida em mais de um século. Mesmo quando a União Soviética entrou em colapso, a Rússia pagou sua dívida.