As carteiras de criptomoedas, ou wallets, são os softwares ou dispositivos físicos que permitem armazenar e negociar criptomoedas sem a necessidade de intermediação por uma corretora. Para participantes desse mercado, essa é a maneira mais segura de armazenar os ativos, embora a responsabilidade do usuário seja maior.
Como funciona uma carteira de criptomoedas?
Em primeiro lugar, é importante entender que as criptomoedas não ficam realmente “guardadas” na carteira – ela apenas armazena as informações que dão acesso a esses ativos na blockchain.
“Fazendo uma analogia simples, é como se a blockchain fosse uma fechadura e a sua carteira fosse a chave”, explica Felipe Escudero, analista de criptomoedas e fundador de um site especializado nesse mercado.
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Entre essas informações, há a chave pública, que é análoga ao número de uma conta bancária: ela é utilizada para receber criptomoedas e pode ser compartilhada livremente. A versão encurtada dessa chave é chamada de endereço.
Um exemplo de um endereço gerado aleatoriamente é 1LCUxUztRCnTxCAbaxsfJbYUSmsk1rXDKL. Esse código também pode ser representado por um QR code.
O mais importante, porém, é a chave privada, que é a “senha” associada à chave pública e permite realizar transações com criptomoedas.
A chave privada nunca deve ser compartilhada, pois a pessoa que tem acesso a ela também tem acesso a todos os fundos guardados por ela.
Quais os tipos de carteiras de criptomoedas?
Segundo Paulo Aragão, economista e cofundador da CriptoFácil, existem dois tipos principais de carteiras de criptomoedas:
Hot wallets
As hot wallets são as carteiras que possuem conexão com a internet.
Elas podem ser baixadas no celular através de lojas de aplicativos, como Google Play ou Apple Store, acessadas diretamente pelo navegador, ou então instaladas como um software no computador.
As versões mobile e web são mais práticas e as marcas mais conhecidas no mercado são Trust Wallet e Blockchain.com. Por outro lado, esse tipo de carteira é mais suscetível a ataques hacker.
Já a versão de software é considerada mais segura, pois as informações são armazenadas no próprio computador, e não na internet – ainda assim, o usuário precisa ter cuidado com vírus e malwares. As marcas mais conhecidas são Electrum e Exodus.
Cold wallets
As cold wallets, por sua vez, são as carteiras que ficam fora da web e não estão conectadas à internet.
Dessas, as mais conhecidas são as hardware wallets, que são dispositivos físicos parecidos com pen drives que podem ser conectados a computadores para realizar a transferência de fundos. As duas principais marcas do mercado são a Ledger e a Trezor.
Apesar de serem menos práticas e mais caras, elas são mais seguras por armazenarem a chave privada em um ambiente totalmente offline.
Também existem as paper wallets, que nada mais são do que pedaços de papel em que o usuário imprime as chaves pública e privada.
“Vale lembrar que as paper wallets são um sistema arcaico e pouquíssimo usado por participantes desse mercado hoje em dia”, comenta Escudero.
Como escolher o melhor tipo de carteira de criptomoedas?
Para escolher o melhor tipo de carteira é preciso avaliar o uso que o proprietário das criptomoedas pretende fazer.
Para tarefas mais corriqueiras, como pagar por produtos ou serviços, as mobile wallets são as mais indicadas, já que podem ser transportadas para qualquer lugar e acessadas facilmente.
Já para investimentos e acúmulo de patrimônio, as hardware wallets são as mais indicadas, pois são as mais seguras. O usuário que quiser duplicar essa segurança pode, inclusive, optar por guardar a carteira em um cofre.
Aragão explica que também é possível associar os dois tipos. “Eu, particularmente, uso uma wallet de celular como conta corrente, onde mantenho pequenos valores para gastar no meu dia a dia, e tenho uma hardware wallet que funciona como um cofre, que eu não levo para a rua”, conta ele.
Guardar critpomoedas em uma carteira ou em uma exchange?
Segundo os especialistas, as duas situações que geralmente fazem com que investidores optem por armazenar suas criptomoedas em uma exchange é realizar operações de trading ou, então, a falta de experiência e confiança.
“Eu entendo que, por uma questão de praticidade, muitos usuários novatos preferem deixar os seus ativos depositados na corretora”, diz Aragão. “Mas quanto maior a praticidade, menor a segurança”, alerta ele.
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Há casos de corretoras que foram hackeadas, levando investidores a perderem parte dos seus fundos. Até mesmo a Binance, uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo, já foi alvo de um ataque que custou cerca de US$ 40 milhões em 2019.
É improvável que o investidor consiga recuperar as criptomoedas roubadas, por isso é importante considerar a possibilidade de transferir esses recursos para alternativas mais seguras. Segundo Aragão, as carteiras de criptomoedas que existem hoje são fáceis de serem utilizadas e oferecem uma boa experiência ao usuário.