Tecnologia e empreendedorismo sempre andaram lado a lado na vida de Emerson Salomão. A combinação o fez criar a Avell, fabricante brasileira de notebooks que faturou R$ 207 milhões em 2021, da qual também é CEO.
Para chegar a esses números, a empresa precisou mudar de estratégia e se moldar a um público cada vez mais exigente. Inicialmente focada em dispositivos de alta performance para gamers, hoje a marca também mira o público corporativo e fornece dispositivos para grandes empresas. Para entender o caminho até aqui, é preciso voltar no tempo.
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Salomão tinha 16 anos quando começou a se interessar por informática, em 1989. Suas primeiras experiências na área foram com a criação de softwares para empresas e escolas. “Hoje a gente vê tudo informatizado e é muito fácil, mas naquela época o controle dos alunos era feito de forma manual. Era uma ideia inovadora”, conta ele.
A mudança para Joinville aos 18 anos o fez descobrir uma nova paixão, o empreendedorismo. Junto com um amigo da faculdade – ele cursava processamento de dados – Salomão abriu um carrinho de cachorro-quente para atender aos alunos.
“O negócio não tinha nada a ver com informática, mas eu acho que isso me trouxe uma bagagem bem grande”, conta o CEO da Avell.
Ainda na faculdade, ele não conseguiu deixar de lado seu entusiasmo com informática. Começou a vender peças de computadores, como kits multimídia, aos amigos. No primeiro momento, ele pedia ajuda para montar os equipamentos, mas logo começou a construir sozinho.
“Foi muito difícil. Eu precisava vender 15 notebooks por mês para pagar as contas. Eu não tinha experiência nenhuma em negócio e tive que ir aprendendo”, conta ele.
Em 2000, recebeu uma proposta animadora. Um fornecedor de Miami, nos Estados Unidos, perguntou sobre o interesse em começar a vender notebooks, produto pouquíssimo conhecido no Brasil. Ao receber os novos modelos, Salomão percebeu que aquele poderia ser um bom caminho a seguir.
Assim nasceu a Notebook Century, primeira empresa de Salomão, que vendia várias marcas de computadores para todos os estados do Brasil. Boa parte das vendas já era realizada pela internet – que na época ainda engatinhava no Brasil.
A companhia ganhou forças e abriu uma filial em Florianópolis. Porém, o peso da competição de preços com grandes varejistas o fez mudar a rota. “Eu tive que criar uma marca dentro da Notebook Century porque sabia que chegaria o momento em que não conseguiria mais competir com as empresas maiores”, conta Emerson.
Em 2004, vieram os primeiros computadores Avell. Mas, vendida como uma marca dentro da Century, ela concorria diretamente com Sony, HP, Dell e outras gigantes do setor – os dispositivos passavam despercebidos. “Nós não conseguíamos ter um preço competitivo para bater de frente com as grandes marcas, então a Avell era mais um aprendizado naquele momento.”
Seis anos depois, em 2010, a marca começou a ganhar corpo e lançou um notebook de alto desempenho para jogos, próximo aos produtos da marca que o mercado conhece hoje. Salomão afirma que a Avell foi a primeira empresa brasileira a criar computadores personalizados para o público gamer, concorrendo apenas com marcas internacionais.
“Deu tão certo que no final de 2012 nós deixamos de vender todas as outras marcas e paramos de dar suporte técnico aos computadores que não fossem Avell. A partir daquele momento, a empresa só cresceu”, conta Salomão.
Triplicando de tamanho
Nos últimos três anos, o faturamento da Avell cresceu 206%, passando de R$ 65 milhões em 2019 para R$ 207 milhões em 2021. A projeção da empresa é de que esse valor chegue em R$ 1 bilhão em cinco anos.
“É um grande desafio a empresa crescer muito. Eu acredito que chega uma hora em que algumas pontas ficam soltas e você tem que voltar a cuidar pessoalmente da relação com os clientes e com os produtos. Mas tenho plena confiança que podemos crescer muito, de forma saudável”, avalia Salomão.
A estratégia da empresa é focar os produtos que já estão dando certo, como o notebook voltado para games e os dispositivos profissionais, que podem ser usados em diversas áreas do meio corporativo.
IPO à vista?
A empresa de computadores diz estar aberta a receber investimentos de fora, em busca de um crescimento mais forte e constante.
O fundador e CEO também não descarta planos de abertura de capital. “É um projeto que já temos, mas para isso ainda é preciso percorrer um longo caminho. Talvez em cinco anos”, diz Salomão.