Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) – A Auren, geradora de energia dos sócios controladores Votorantim e CPP Investments que passou por uma ampla reestruturação, trabalha para capturar os benefícios da integração de fontes de geração nos resultados financeiros, ao mesmo tempo em que busca aquisições para expandir seu portfólio de ativos, disseram executivos.
A companhia divulgou nesta sexta-feira um lucro líquido proforma de 17,8 milhões de reais no primeiro trimestre, uma queda de 86,9% na comparação anual.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado proforma recuou 4,4%, para 340 milhões de reais.
O desempenho financeiro foi preparado pelo grupo em base proforma para refletir os efeitos da reorganização societária da Auren, que passou a incorporar os ativos de geração e comercialização de energia da antiga Votorantim Energia e Cesp.
À Reuters, o diretor financeiro da companhia, Mario Bertoncini, explicou que a piora no Ebitda decorre de uma redução de preços de energia após a melhora da hidrologia, o que impactou a marcação de mercado da carteira da trading e a estratégia de equacionamento do balanço energético.
No caso do lucro líquido, Bertoncini apontou dois efeitos não recorrentes que prejudicaram os números: uma reversão de provisões realizada pela antiga Cesp no primeiro trimestre de 2021, que ajudou os lucros daquele período, e uma despesa maior neste ano por custos da reestruturação societária.
Já para os próximos meses, a expectativa é de que a Auren comece a colher mais benefícios da combinação das fontes hidrelétrica e eólica, ajudando principalmente a mitigar efeitos do risco hidrológico (GSF) no período seco, disseram executivos da geradora.
“Um ativo como a geração eólica tem uma sazonalidade muito complementar à hidrelétrica, temos quase um ‘hedge natural’ para esse efeito de GSF”, afirmou Fabio Zanfelice, CEO da Auren, à Reuters.
Segundo ele, essa complementariedade de fontes também será fundamental para a atuação da companhia na comercialização de energia a consumidores de menor porte, que exigem produtos e serviços com cláusulas mais flexíveis.
“Precisamos construir isso ao longo do tempo, todo o nosso portfólio de geração, com bastante antecedência, para quando o mercado (livre) estiver totalmente aberto.”
NOVOS PROJETOS E AQUISIÇÕES
A Auren vem avançando com a construção de projetos eólicos no Piauí e está “bastante ativa” na busca por oportunidades de aquisições, destacaram os executivos.
A geradora tem hoje cerca de 3,0 gigawatts (GW) de capacidade instalada operacional, além de 400 MW em construção e uma carteira de projetos solares, eólicos e uma PCH em desenvolvimento.
Zanfelice observou que, após a conclusão do complexo Ventos do Piauí, prevista para novembro, a companhia tem uma janela até seu próximo projeto, um complexo solar esperado para 2024.
“Estamos em fase de desenhos dos empreendimentos, e agora ao longo de 2022 a gente começa a avaliar qual é o momento de contratação e implementação”, disse.
Bertoncini destacou que a Auren está avaliando oportunidades de aquisição e indicou que enxerga o momento como propício para um movimento da companhia.
“Nos preparamos para crescimento, a companhia hoje está bastante capitalizada, temos 3,3 bilhões de reais em caixa, com alavancagem baixa, de 2,5 vezes”, afirmou.
“O momento macroeconômico, do Brasil e do mundo afora, é um pouco mais instável, com custos de capital em elevação, (isso) pode até contribuir e nos ajudar para uma melhor alocacão de capital. É nessas horas que quem está preparado pode colher melhor oportunidades.”
(Por Letícia Fucuchima)