SÃO PAULO (Reuters) – A CSN espera um segundo trimestre com resultados maiores do que os obtidos no início do ano, com preços de aços planos no Brasil elevados apesar do forte descompasso em relação aos valores praticados no exterior, afirmaram executivos da companhia nesta terça-feira.
O diretor comercial da CSN, Luiz Fernando Martinez, disse que os preços de aços planos no Brasil estão atualmente 24% mais altos que os praticados no exterior. Mas diante da volatilidade do câmbio e dificuldades logísticas, ele não espera que as importações no segundo trimestre aumentem a ponto da CSN ser forçada a conceder descontos.
“Não vejo importação maior no segundo trimestre. Tem um problema logístico enorme, com clientes, inclusive, tendo que esperar 120 dias para receber”, disse Martinez em conferência com analistas sobre o balanço do primeiro trimestre.
“Essa incerteza toda permite mantermos este prêmio. Não vemos pressão para descontos”, acrescentou, referindo-se a bobinas a quente.
Mas o foco da CSN está sobre produtos revestidos, com mais de 50% da produção dedicada ao segmento. Por isso, a companhia vai manter uma estratégia “mais agressiva” de preços no Brasil nesta área para enfrentar a concorrência de material importado, disse Martinez.
Em aços longos a situação é diferente, com preços no Brasil abaixo do exterior, disse o executivo. Por conta disso, a empresa elevou seus preços de vergalhão e fio-máquina em 12% em 1 de maio “e a ideia é recuperar esse prêmio ao longo do segundo trimestre”, disse o diretor comercial da CSN.
A previsão da companhia é que o mercado brasileiro de aço este ano cresça entre 2,5% e 4% e que as vendas da CSN subam 10% a 15%, afirmou Martinez.
E após as fortes chuvas, que derrubaram as vendas de minério de ferro da companhia, uma de suas principais áreas de negócios, a CSN espera “forte reação no segundo trimestre”, com volumes de vendas maiores, preços elevados e custo mais diluído, disse o diretor financeiro, Marcelo Ribeiro, na conferência.
Questionado sobre eventual interesse da CSN em aquisições em siderurgia e minério de ferro no Brasil, Ribeiro afirmou que a companhia está seguindo seu plano de dobrar de tamanho em três anos e que isso não necessariamente passa por compra de ativos.
“Em mineração temos um plano de investimento de 12 bilhões de reais para dobramos nossas operações na área e é essa a prioridade. No caso de siderurgia, temos uma série de projetos dentro de casa que vão tirar gargalos e aumentar a produção em mais ou menos 1,5 milhão de toneladas”, disse Ribeiro. Ele acrescentou que a empresa está trabalhando também em projetos novos de menor escala nos Estados Unidos em aços longos.
“Conseguiremos desta forma dobrar a companhia sem falar de fusões e aquisições. Nosso foco está sobre este plano”, disse.
(Por Alberto Alerigi Jr.)