O dólar tinha alta de mais de 1% nesta manhã, indo acima dos R$ 5 diante do nervosismo dos mercados em “super” quarta de decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Na maior economia do mundo, o Federal Reserve deverá aumentar sua taxa de juros em 0,5 ponto percentual e anunciar o início da redução de seu balanço de R$ 45 trilhões, conforme intensifica os esforços para reduzir a inflação elevada nos Estados Unidos.
Antes da divulgação de seu comunicado, às 15h (de Brasília), os investidores estão “sustentando algum grau de cautela frente a expectativas de um tom mais duro no comunicado e na coletiva de imprensa de Jerome Powell”, chair do banco central, disse em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Vários participantes do mercado afirmavam que, mais que a decisão de juros desta quarta em si, a sinalização da autoridade monetária sobre a trajetória futura dos custos dos empréstimos e da redução de seu balanço deve dominar o foco de investidores, que têm apostado numa postura cada vez mais agressiva do Fed.
Isso, por sua vez, tem ajudado a impulsionar o dólar tanto no mercado doméstico –onde a moeda saltou 3,8% no acumulado de abril– quanto no exterior, onde seu índice contra uma cesta de rivais fortes tocou seu maior patamar em 20 anos na semana passada. Juros mais altos nos EUA tendem a direcionar mais recursos para a renda fixa norte-americana, o que beneficia o apelo do dólar.
“Se o Fomc (comitê de decisão de juros do Fed) vier dentro do consenso, esperaríamos que ativos de risco, incluindo moedas de países emergentes, operassem melhor… Mas isso provavelmente seria uma questão tática, pois continuamos a acreditar que os juros dos EUA só atingirão seu pico no final deste ciclo do Fed, e a força geral do dólar também deve continuar”, disseram estrategistas do Citi em relatório.
Às 10:11 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,13%, a R$ 5,0208 na venda, rondando os maiores patamares do dia, depois de mais cedo ter chegado a tocar os R$ 4,9632, variação negativa de 0,03%.
Além de aguardar o Fed, investidores locais também estavam à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil.
O comunicado da autarquia será divulgado normalmente, a partir das 18h30 (de Brasília), nesta quarta-feira, apesar da retomada da greve dos servidores do BC. A expectativa para o encontro é de elevação da taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,75%.
Com um ajuste dessa magnitude praticamente certo, “a dúvida fica para os próximos passos de política monetária”, escreveu em blog Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG Investimentos. “Creio que o BCB deixará a porta aberta (para mais altas de juros) e se dará flexibilidade neste sentido, diante das surpresas ainda negativas de inflação.”
Na B3, às 10:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,18%, a R$ 5,0620.
O dólar spot fechou a última sessão em queda de 2,10%, a R$ 4,9645 na venda, sua maior depreciação diária desde 30 de dezembro do ano passado (-2,12%).
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2022.