A Nomad, fintech que permite a abertura de conta corrente e de investimentos em um banco norte-americano de forma 100% digital, acaba de captar um novo investimento de US$ 32 milhões (R$ 160 milhões). Com o aporte, a plataforma passa a ser avaliada em mais de R$ 1 bilhão em valor de mercado.
O levantamento de capital foi liderado pelo fundo de venture capital americano Stripes e acompanhado pelos fundos monashees, Spark Capital, Propel, Globo Ventures e Abstract. Em entrevista à Forbes, Patrick Sigrist, fundador e presidente executivo do conselho da Nomad, explica que o aporte será destinado à expansão de produtos, além da captação de novos clientes e desenvolvimento de tecnologias já utilizadas que, segundo o executivo, é o grande diferencial da empresa.
“Grande parte desse dinheiro irá para o aumento dessas tecnologias que já temos, assim como o lançamento de novos produtos de investimentos. Acabamos de lançar na plataforma um recurso que facilita a compra individual de ações e ETFs (índices) no exterior”, destaca Sigrist.
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Com a função, o usuário pode negociar papéis das principais empresas e fundos das bolsas americanas sem limite mínimo de valor, com execução instantânea das ordens de compra e venda. A fintech investirá ainda em novos canais de marketing, expansão da operação e aumento de colaboradores na empresa, que conta com 250 funcionários.
Segundo o CEO da Nomad, Lucas Vargas, a meta dos próximos 12 a 18 meses é lançar um cartão de crédito para complementar o cartão de débito internacional já oferecido pela plataforma. A fintech também pretende ofertar outros produtos de crédito e ampliar seus serviços bancários.
“Precisamos ser criativos para conseguir oferecer para um brasileiro que está acessando o mundo em dólar um produto que seja realmente fácil de ser entendido, compreendido e consumido”, complementa o executivo.
Figuras conhecidas do mercado
O capital de US$ 32 milhões não é à toa. A Nomad é formada pelos sócios Patrick Sigrist, fundador do iFood, Lucas Vargas, que comandou o Viva Real (plataforma que hoje faz parte do Grupo Zap e OLX Brasil), Eduardo Haber e Marcos Nader, ambos nomes conhecidos no mercado financeiro.
“Apesar de não podermos descrever a trajetória como fácil, o nosso histórico ajuda muito nas conquistas de novos aportes. O meio já nos conhece, pois estamos há bastante tempo no mercado, onde fizemos diversos negócios com sucesso. Isso é realmente um selo para conseguir levantar fundos. Fomos os primeiros a nos posicionar para atender o brasileiro de uma forma global. Então acho que com certeza foi isso que atraiu e facilitou muito a nossa captação”, afirma Vargas.
O Stripes, fundo de venture capital americano que lidera o aporte, é conhecido por investir em produtos que ampliam o acesso financeiro dos usuários. “Seja gastando, economizando ou investindo, a plataforma multi-produtos da fintech permite que qualquer brasileiro construa uma vida financeira fora do Brasil. Por isso estamos muito satisfeitos em auxiliar Lucas, Patrick e o resto do time da Nomad enquanto constroem o banco brasileiro sem fronteiras”, diz Michael Vaughan, Stripes Operating Partner.
Estreia em meio às instabilidades internacionais
Pandemia da Covid-19, guerra na Ucrânia, queda do dólar e a possibilidade de uma crise internacional tornaram o clima pessimista no mercado, principalmente para novos negócios. Fundada em 2019 e lançada em 2020, a Nomad conseguiu passar por cima do cenário conturbado e crescer sua base de clientes.
“No primeiro ano, 100 mil contas foram abertas. De outubro até a data atual, justamente no ápice da instabilidade, saltamos para 300 mil. Enquanto o mercado estava instável e gerando essas dúvidas em todo mundo, a gente reverteu tudo isso. Claro que não foi fácil, mas significa que construímos um produto estável e que tem aderência com o mercado, o que contribui para a aceleração do negócio”, diz Vargas.
Antes pioneira no mercado de contas nos EUA para brasileiros, hoje a Nomad enfrenta a concorrência cada vez maior de outras fintechs e neobanks. Neste mês, Xp e Banco Inter anunciaram lançamentos deste serviço.
O diferencial da plataforma da Nomad, segundo o CEO, é ser totalmente coberta pelo FDIC, espécie de FGC (Fundo Garantidor de Crédito) das contas bancárias norte-americanas.
Sigrist ressalta ainda que a plataforma não é direcionada apenas para um nicho de clientes que atende a um ticket mínimo. “No Brasil, temos uma vida que já está praticamente dolarizada, graças aos custos atrelados ao preço em dólar. Então, faz muito sentido o brasileiro dolarizar o patrimônio. Por isso, a Nomad quer cada vez mais melhorar essa experiência nos investimentos lá fora”, diz ele.