Por Timothy Aeppel
(Reuters) – Os fabricantes dos Estados Unidos estão descobrindo que sua principal arma para combater os emaranhados da cadeia de suprimentos é uma maior ineficiência.
Empresas industriais que divulgaram resultados nas últimas semanas têm descrito as medidas que tomaram –desde a aquisição de caminhões para transportar seus próprios produtos até a construção de bens que ficam no chão da fábrica esperando por semicondutores que faltam– para lidar com atrasos e a escassez que os perseguem desde o último ano.
“Queremos otimizar nossa cadeia de suprimentos ao máximo”, disse John Morikis, executivo-chefe da Sherwin Williams Co, descrevendo a analistas no mês passado como a fabricante de tintas de Cleveland começou a usar seus próprios caminhões –uma rota muito mais cara do que usar serviços de terceiros– para contornar gargalos nos sistemas de transporte.
Morikis admitiu que isso é “menos eficiente”, mas necessário para atender à crescente demanda. Com o tempo, disse ele, espera-se que “a eficiência volte a funcionar”.
Existem poucos sinais de que isso acontecerá em breve. Um estudo recente do Royal Bank of Canada concluiu que um quinto da frota global de contêineres está preso em congestionamentos em portos ao redor do mundo. O relatório disse que os problemas da cadeia de suprimentos parecem piorar à medida que os lockdowns da Covid-19 na China se ampliam e a invasão da Ucrânia pela Rússia interrompe os fluxos comerciais.
Atualmente, o envio de produtos de um armazém na China para uma instalação nos Estados Unidos leva 74 dias a mais do que o normal antes da pandemia, de acordo com o relatório.
Durante décadas, os fabricantes se esforçaram para desenvolver longas linhas de fornecimento que abrangessem todo o mundo, geralmente visando as fontes de bens mais baratas, principalmente na China e em outros lugares da Ásia. A busca por fontes de baixo custo tornou-se parte fundamental dos sistemas “just-in-time”, em que as empresas mantinham apenas o estoque mínimo disponível para alimentar a produção atual e enfatizavam contratos de fornecimento flexíveis e economias de escala.
“Não acho que vamos abandonar completamente as cadeias de suprimentos”, disse Cliff Waldman, executivo-chefe da New World Economics, uma empresa de análise econômica que estuda tendências de manufatura. Há muitos benefícios dessas redes globais, disse ele.
“Queremos eficiência, porque maior eficiência significa menor custo”, disse ele. “Mas as empresas não querem eficiência à custa de risco excessivo.”