SÃO PAULO (Reuters) – Os gestores brasileiros mudaram a visão para a bolsa brasileira ao longo dos primeiros meses de 2022 e passaram a uma avaliação mais pessimista, diante do quadro com a alta de juros nos Estados Unidos, invasão da Ucrânia pela Rússia e preocupações com a economia global, mostra pesquisa do modalmais divulgada nesta sexta-feira.
A empresa pediu para 24 gestoras, incluindo Genoa, Truxt, AZ Quest e Garde, que elencassem a percepção atual com o Ibovespa de 0 a 5, sendo 0 muito pessimista e 5 muito otimista. A pesquisa foi feita entre 27 de abril e 6 de maio.
O resultado aponta que 43% dos gestores mostravam-se pessimistas com o Ibovespa, enquanto 39% estavam neutros e 17% otimistas. Na leitura de janeiro, a mais recente, o cenário era bem diferente, com 45% dos gestores consultados dizendo-se otimistas ou muito otimistas e apenas 20% pessimistas com o principal índice da bolsa brasileira.
No relatório sobre a nova pesquisa, Flávia Tavares, analista de fundos do modalmais, destaca a “ausência de expectativas extremistas, tanto muito pessimistas quanto muito otimistas”. Segundo ela, essa imagem “sugere menor convicção dos gestores para com os desdobramentos” de eventos como a guerra e o aperto monetário nos EUA, “o que pode, de algum modo, ser refletido em posições menores”.
O Ibovespa teve um início de ano forte e registrou no começo de abril uma alta acumulada de 16% em 2022, ajudado, entre outros fatores, pela disparada no preço das commodities e fluxo positivo de recursos vindos do exterior. Entretanto, o movimento inverteu-se a partir de meados de abril e o índice chegou a mostrar queda no ano, estando agora cerca de 2,6% no positivo.
Tavares escreve que, apesar da piora de percepção com ações brasileiras no geral pelos gestores, alguns setores da bolsa seguem sendo bem vistos. Cerca de 71% dos gestores estão otimistas ou muitos otimistas com papéis de petróleo, gás e biocombustíveis, por exemplo. Para o setor financeiro, outro destaque positivo, o percentual é de 54%.
O modalmais, plataforma do Banco Modal, que por sua vez está em processo de venda à XP, também traz a visão dos gestores para mais ativos locais. Em câmbio, 63% estão otimistas com o real, 17% neutros e mais 17% pessimistas. Outros cerca de 4% destoam e estão muito otimistas. Em janeiro, eram 35% otimistas e 27% pessimistas.
Já em juros, uma visão neutra é majoritária para os títulos pós fixados de curto, médio e longo prazo (entre 53% e 56% dos gestores a depender do vencimento). O cenário muda para os pré-fixados, com 52% e 48% otimistas em médio e longo prazo, respectivamente, enquanto para os vencimentos de curto prazo a avaliação é mais dissipada, com 38% pessimistas, 33% neutros e 29% otimistas.
(Por Andre Romani; reportagem adicional Beatriz Garcia)