Por David Lawder
BONN, Alemanha (Reuters) – A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, confirmou nesta quarta-feira que está defendendo dentro do governo Biden a eliminação de algumas tarifas sobre importações chinesas que “não são muito estratégicas” e estão prejudicando consumidores e empresas dos EUA.
Yellen disse em coletiva de imprensa –antes de uma reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G7– que discussões internas estão em andamento sobre as tarifas punitivas da “Seção 301” impostas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses.
“Alguns delas, para mim, parecem causar mais danos a consumidores e empresas e não são muito estratégicas no sentido de abordar questões reais que temos com a China”, disse ela, referindo-se a práticas comerciais desleais, questões de segurança nacional ou vulnerabilidades da cadeia de suprimentos.
Citando fontes familiarizadas com as conversas, a Reuters informou na terça-feira com exclusividade que o presidente dos EUA, Joe Biden, terá de resolver o acalorado debate entre seus assessores sobre cortar as tarifas enquanto seu governo tenta combater a inflação elevada.
Embora Yellen tenha defendido a remoção de algumas das alíquotas, as fontes disseram que a representante comercial dos EUA, Katherine Tai, prefere mantê-las para desenvolver uma agenda comercial chinesa mais estratégica que proteja os empregos dos EUA e o comportamento da China nos mercados globais. Essa abordagem poderia até incluir novas tarifas estratégicas.
Muitos dos bens sujeitos a tarifas punitivas de até 25% têm pouco a ver com os objetivos da investigação da Seção 301 do governo Trump sobre a apropriação indevida de tecnologia e propriedade intelectual dos EUA pela China. As tarifas sobre bens de consumo, de bicicletas a vestuário, foram impostas depois que a China retaliou as rodadas iniciais dos impostos de Trump.
Alguns economistas dentro e fora do governo, assim como muitos grupos empresariais, têm defendido as reduções de tarifas da China como forma de ajudar a controlar a inflação elevada provocada por interrupções na cadeia de suprimentos por causa de bloqueios relacionados à Covid-19, uma forte recuperação econômica e picos de preços de alimentos e energia devido à invasão russa da Ucrânia.
Yellen disse que os cortes tarifários podem ajudar a aliviar a inflação, mas provavelmente não representarão uma “virada no jogo”.
“Então, vejo que se justificaria não apenas por causa da inflação, mas porque haveria benefícios para consumidores e empresas… cortando algumas delas (tarifas). Mas estamos tendo essas discussões.”
Mas Yellen disse respeitar as opiniões que ouviu nos debates sobre política tarifária.
“Há uma variedade de preocupações válidas”, afirmou. “E nós realmente não resolvemos isso ainda –não chegamos a um acordo sobre as tarifas.”