Criptomoedas nem sempre encontraram nos super-ricos um público acolhedor. Os bilionários têm sido alguns de seus maiores críticos, com pesos pesados como o CEO da Berkshire Hathaway (BERK34), Warren Buffett, o cofundador da Microsoft (MSFT34), Bill Gates, e o CEO do JPMorgan (JPMC34), Jamie Dimon, todos abertamente céticos ou totalmente contrários a ativos digitais como bitcoin (BTC) e ethereum (ETH).
“Se você me dissesse que possui todo o bitcoin do mundo e me oferecesse por US$ 25, eu não aceitaria”, disse Buffett na reunião anual de acionistas da Berkshire Hathaway em maio. O famoso investidor é a 5ª pessoa mais rica do planeta, com fortuna estimada em US$ 113 bilhões (R$ 552 bilhões) pela Forbes.
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Gates também afirmou, em maio deste ano, que evita moedas digitais porque elas não estão “acrescentando nada à sociedade como outros investimentos” e alertou sobre o risco desse mercado para os investidores comuns. “Se você tem menos dinheiro do que Elon [Musk], provavelmente deveria tomar cuidado”, disse ele.
No entanto, a resistência às criptomoedas entre o clube dos nove dígitos pode não ser tão grande quanto muitos pensam. Uma pesquisa recente da Forbes com 65 das pessoas mais ricas do mundo revelou que quase 30% delas investem diretamente ou indiretamenteem criptoativos, uma taxa maior do que entre os investidores não bilionários.
Um estudo da Pew Research no final do ano passado indicou que 16% dos adultos americanos em algum momento investiram em criptomoedas, enquanto uma pesquisa da NBC News com 1.000 americanos publicada em março revelou que 20% dos respondentes investiram, negociaram ou usaram criptomoedas.
Entre bilionários pesquisados, 18% relataram ter pelo menos 1% de sua fortuna em criptomoedas. Desse grupo, a maioria está investindo como um pequeno experimento: 80% dos investidores em criptomoedas disseram ter muito menos de um décimo de sua riqueza investida dessa maneira, enquanto 3,2% dos bilionários entrevistados disseram que mais da metade de suas fortunas estava em criptos. Outros 10% disseram que não investem diretamente em criptomoedas, mas apoiam empresas focadas em moedas digitais.
Sam Bankman-Fried, cofundador e CEO da corretora de criptomoedas FTX — um dos poucos bilionários que colocaram seus nomes na pesquisa anônima —, disse à Forbes que ele detinha entre 76% e 100% de seu patrimônio líquido de US$ 20,6 bilhões (R$ 100,66 bilhões) em criptomoedas (quase toda a sua riqueza vem da sua participação na FTX e na propriedade de FTTs, que são tokens FTX).
Bankman-Fried é um dos 19 bilionários da lista anual de bilionários do mundo da Forbes EUA, publicada em abril, que não apenas apoia empresas de criptomoedas, mas também fez a maior parte de sua fortuna com os criptoativos. Alguns deles, incluindo os cofundadores da Coinbase Brian Armstrong e Fred Ehrsam, e o cofundador da Microstrategy Michael Saylor, viram seus patrimônios despencar nos últimos meses.
Embora alguns permaneçam abertamente contra, um número crescente de bilionários mergulhou nas moedas alternativas nos últimos anos – até mesmo revertendo uma oposição anterior. Um dos convertidos mais famosos, o investidor e proprietário do Dallas Mavericks, Mark Cuban, brincou em 2019 que “prefere bananas a bitcoin”. Desde então, no entanto, ele desenvolveu um portfólio variado de bitcoin, ethereum, tokens não fungíveis (NFTs) e muito mais, e continua a apoiar publicamente os investimentos, mesmo com os preços caindo.
“Não é diferente de investir em ações, títulos ou outros ativos. As taxas de juros sobem, os ativos de risco caem”, disse Cuban à Forbes em um email ontem (7). “Minhas ações de tecnologia tiveram um desempenho pior do que minhas criptomoedas.”
Enquanto uns mergulharam de cabeça, outros entraram apenas com os dedos dos pés, com investimentos mais tímidos. John Sobrato, bilionário do ramo imobiliário que aluga escritórios para clientes como a Netflix (NFLX34), disse que investiu no quarto fundo da Andreessen Horowitz, anunciado em junho, que levantou US$ 4,5 bilhões para empresas de criptomoedas e Web3. Foi sua maneira de se envolver com esse mercado, evitando “a dor de cabeça de fazer nossa própria diligência em uma classe de ativos que não entendemos”, disse Sobrato.
Omid Malekan, professor associado da Columbia University Business School e autor de vários livros sobre a indústria de criptomoedas, disse que a mudança entre os bilionários pode ser atribuída a um aumento geral na aceitação e disponibilidade de criptomoedas. “Agora você está vendo cada vez mais players financeiros tradicionais e fintechs se envolvendo [com criptoativos]… o que torna mais fácil para as pessoas em cima do muro investirem”, disse Malekan.
Ele também argumenta que os bilionários estão particularmente preparados para experimentar investir em criptomoedas – e têm os recursos para fazê-lo. “Imagino que uma das maneiras de se tornar um bilionário é ter a mente aberta”, disse Malekan.
Excluindo aqueles como Dimon e Buffett que fizeram suas carreiras em grande parte por meio do mercado financeiro tradicional, é relativamente indiferente para um bilionário investir alguns milhões de dólares em criptomoedas, ele argumenta. “Eles não estão tão preocupados com o que acontecerá com o preço do bitcoin no próximo mês.”
Ainda assim, muitos bilionários não operam vendidos (quando acreditam na queda do ativo) em criptomoedas, nem mesmo como um experimento. “Acredito que criptomoedas são muito voláteis para um experimento desses e um investidor sensato procuraria algo mais estável”, disse Jim Thompson, o bilionário de Hong Kong por trás da Crown Worldwide, uma das maiores empresas privadas de realocação do mundo.
David Hoffman, o maior incorporador imobiliário de Naples, Flórida, que tem uma fortuna estimada em US$ 1,3 bilhão (R$ 6,35 bilhões), expressou preocupações semelhantes, dizendo que espera um dia acordar e ver que as “moedas criptográficas” desapareceram. “Não vejo essa moeda substituindo o dólar”, disse Hoffman à Forbes, acrescentando: “Quando Jamie Dimon e Warren Buffett não apoiaram as criptomoedas, isso influenciou fundamentalmente minha decisão”.
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