O Credit Suisse reduziu seu prognóstico para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2023 a 0,2%, de 0,9% anteriormente, e chamou a atenção para os riscos fiscais do país e seu possível impacto sobre a inflação e os custos dos empréstimos.
O banco suíço manteve a estimativa de crescimento econômico de 2022 inalterada em 1,4%, mas espera que a atividade desacelere ao longo do ano após um primeiro trimestre positivo, devido à redução das economias das famílias, menor impacto da reabertura pós-pandemia e efeitos defasados da elevação dos juros básicos.
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“Para o ano que vem, esperamos que as condições financeiras globais mais apertadas, devido à pressão inflacionária mais persistente, afetem negativamente o crescimento econômico doméstico, principalmente por meio de redução da demanda e da necessidade de manter uma política monetária doméstica restritiva por um período prolongado”, avaliou o Credit Suisse em relatório assinado por Solange Srour, Lucas Vilela e Rafael Castilho.
Segundo o banco, os riscos para o crescimento do PIB brasileiro estão inclinados para baixo, já que a atividade da economia global pode surpreender negativamente, enquanto a aversão a risco no mercado doméstico corre o risco de piorar com a chegada das eleições presidenciais.
A frente fiscal também traz ameaças. “A combinação de juros reais superiores ao crescimento econômico, déficits primários recorrentes do governo central e dívida bruta elevada colocou a dívida pública do país no que vemos como um caminho insustentável a médio prazo”, alertou o Credit Suisse.
Piora a perspectiva o fato de que os favoritos na corrida pelo Planalto — o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) — devem buscar aumentos de gastos caso sejam eleitos, disse o banco.
O Credit Suisse avaliou que o processo de desinflação no país provavelmente levará mais tempo sem uma retomada forte do processo de consolidação fiscal.
O banco privado vê a inflação medida pelo IPCA superando os tetos das metas oficiais tanto neste ano quanto no próximo, projetando taxas de 7,6% e 5,9%, respectivamente. Os limites superiores dos objetivos perseguidos pelo Banco Central são de 5,0% para 2022 e 4,75% para 2023.
Sem o avanço do processo de consolidação das contas públicas, o Brasil pode entrar num “ciclo vicioso de prêmio de risco elevado aumentando os juros neutros”, o que por sua vez retroalimenta o risco fiscal, disse o Credit Suisse.
O banco espera que o BC suba a taxa Selic em 0,50 ponto percentual em agosto, a 13,75%, e mantenha esse patamar até o segundo semestre de 2023, antes de encerrar o ano que vem em 10,75%.
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