A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) estima que cerca de 10% do volume de ações negociado em bolsa possa ser executado em segmento específico para grandes lotes, formato previsto em novas regras para o setor, disse hoje (13) um superintendente do órgão.
Trata-se de um indicativo da abrangência da metodologia da regra, que será definida após consulta da CVM com participantes do mercado e posterior decisão da instituição.
A CVM divulgou na sexta-feira (10) atualização de normas sobre ambientes de negociação, como mais flexibilidade para negociação de grandes lotes e manutenção do modelo de autorregulação. Além disso, postergou a definição sobre internalização de ordens. As mudanças podem abrir caminho para entrada de competidores em um mercado atualmente dominado pela B3.
“Não é muito mas não é pouco”, disse a jornalistas o superintendente de relações com o mercado e intermediários da CVM, Francisco Santos, sobre o percentual de 10%. Mais cedo, executivos da B3 afirmaram acreditar que os grandes lotes representariam um percentual pequeno do mercado.
As novas regras dizem respeito à negociação de grandes lotes de ações em segmentos em bolsa ou balcão organizado. Hoje esses lotes são negociados em leilões durante o pregão. Os parâmetros de grande lote, porém, ainda serão definidos. As regras passam a valer em setembro, com 180 dias para adaptação, disse Santos.
O superintendente indicou que a metodologia deve valer para a maioria das ações, exceto aquelas com liquide muito baixa, como as negociadas em menos de 50 pregões no ano anterior.
Sem incentivo e sem barreira
O presidente da CVM, Marcelo Barbosa, disse que as novas regras não criam incentivos ou barreiras para entrada de novos competidores na operação dos mercados de capitais brasileiros.
“Nossa questão é de neutralidade, deixar que os movimentos sejam consequência de movimentos de mercados naturais”, disse.
“De todas as audiências públicas do meu mandato, essa (sobre a revisão de normas) se revelou a mais complexa”, acrescentou.
Barbosa também comentou a postergação da definição sobre internalização de ordens, tema defendido por grupos como a XP, que permitirá a negociação de ações fora da B3.
A CVM disse na sexta-feira que continuará estudos sobre a internalização para avaliar a melhor forma incorporar o tema no arcabouço regulatório em definitivo. Analistas consideraram a postergação positiva para a B3.
A ação da B3 fechou em baixa de 1%, num dia bastante negativo para o mercado acionário no Brasil e no exterior, com o Ibovespa recuando 2,73%.