Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía contra o real nesta quarta-feira, perdendo fôlego depois de fechar a última sessão no maior patamar em quase cinco meses, enquanto participantes do mercado reagiam à divulgação de dados sobre a economia dos Estados Unidos e avaliavam qual deve ser seu impacto na trajetória de política monetária do Federal Reserve.
Às 11:34 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,63%, a 5,2339 reais na venda. Apesar da queda, a divisa era negociada acima da menor cotação do dia, de 5,2098 reais, quando apresentou baixa de 1,09%.
Na B3, às 11:34 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,75%, a 5,2360 reais.
O dólar spot fechou a última sessão em alta de 0,61%, a 5,2671 reais, nível mais alto para um fechamento desde 4 de fevereiro passado (5,3249), em seu 13° avanço em 16 sessões.
É natural, depois de movimentos expressivos na moeda, haver momentos pontuais de ajuste na direção oposta, conforme operadores realizam lucros.
Investidores digeriam dados finais divulgados nesta quarta-feira que mostraram que a economia dos EUA teve contração de 1,6% no primeiro trimestre deste ano, resultado ligeiramente pior que uma leitura preliminar de queda de 1,5%.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que a leitura de parte dos mercados financeiros é de que esse sinal de fraqueza na maior economia do mundo, com as perspectivas para os próximos trimestres também incertas, poderia forçar o banco central norte-americano a parar de subir os juros antes do planejado.
Isso pode provocar algum arrefecimento do dólar no curtíssimo prazo, mas Cruz ponderou que é pouco provável que o Federal Reserve realmente siga um caminho mais moderado em seu aperto monetário, já que vários dirigentes da instituição têm reiterado que, entre proteger a atividade e combater a inflação, a prioridade deve ser buscar controlar a alta dos preços.
Reforçando essa visão, o chair do Fed, Jerome Powell, disse nesta quarta-feira que, embora “exista um risco” de o Fed desacelerar a economia mais do que o necessário para controlar a inflação, um “erro maior seria falhar em restaurar a estabilidade de preços”.
Juros mais altos na maior economia do mundo, além de restringir a atividade, costumam redirecionar recursos para os EUA por elevar a rentabilidade da extremamente segura dívida soberana do país.
No Brasil, o foco segue na tramitação da PEC dos Combustíveis no Congresso, que tem sido a principal responsável por um recente ressurgimento de temores sobre as contas públicas. O texto destina recursos para a ampliação de benefícios sociais diante da disparada da inflação no país, com impacto previsto de 38,75 bilhões de reais.
As medidas são vistas pelos mercados como eleitoreiras, fiscalmente danosas e com possível efeito inflacionário de longo prazo.
Nesse cenário, cresceram as apostas num aumento de 0,50 ponto na taxa Selic em agosto, com a probabilidade implícita em contratos de DI de uma alta dessa magnitude já em 80%. Juros mais altos tendem a restringir a atividade econômica do país, mas também podem trabalhar a favor do real, pois elevam a rentabilidade da moeda.
A Selic está atualmente em 13,25% ao ano.