Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar abandonou perdas iniciais e passava a subir acentuadamente nesta sexta-feira, chegando a superar a marca psicológica de 5 reais depois que dados de inflação norte-americanos bem acima do esperado intensificaram temores de um posicionamento mais agressivo por parte do banco central dos Estados Unidos.
O índice de preços ao consumidor dos EUA saltou 1,0% no mês passado, após avanço de 0,3% em abril, disse o Departamento do Trabalho do país nesta sexta-feira. Economistas consultados pela Reuters projetavam aumento mensal de 0,7%.
“Isso é um indicador bem ruim. Deixa na cara o quão descontrolada a inflação está e ainda deve permanecer nos Estados Unidos”, disse à Reuters Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.
Como o dado de preços ao consumidor veio na esteira de uma leitura robusta sobre a situação do emprego nos EUA no mês passado, a situação desenhada é de que, ao mesmo tempo em que há clara necessidade de controlar a inflação, a maior economia do mundo ainda está resiliente, de forma que o Fed “tem chão para apertar a política monetária”, disse Izac.
Essa percepção impulsionava o dólar globalmente. Contra uma cesta de rivais fortes, a moeda avançava 0,85% nesta manhã, depois de uma arrancada vista imediatamente após a divulgação dos números de inflação. Contra divisas de países emergentes, como rand sul-africano, peso chileno e peso mexicano, o dólar também saía como claro vencedor nesta sessão.
Juros mais altos na maior economia do mundo tendem a beneficiar o dólar porque impulsionam os retornos da dívida soberana norte-americana, a mais segura do mundo. O Fed já elevou os custos dos empréstimos em 0,75 ponto percentual desde março deste ano.
Ao mesmo tempo, a perspectiva de aperto monetário “deixa mais aflorado o sentimento de que a economia (dos EUA) pode entrar num cenário de recessão”, explicou Izac, o que tende a azedar o apetite por risco dos investidores e levar a fugas de capital de ativos mais arriscados, como moedas de países emergentes.
No mercado local, às 11:04 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,74%, a 5,0023 reais na venda, rondando os maiores patamares do dia e abandonando perdas iniciais depois dos dados norte-americanos.
A última fez que o dólar fechou um pregão acima do nível psicológico de 5 reais foi no último dia 15, quando ficou em 5,0507 reais.
Na B3, às 11:04 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,96%, a 5,0300 reais.
Com o desempenho desta sexta-feira, a moeda norte-americana spot ficava 4,7% acima do patamar de encerramento da última sexta-feira, de 4,7776 reais na venda, a caminho de marcar uma segunda semana seguida no azul, depois que temores sobre o crescimento global, perspectivas de forte aperto monetário nas principais economias e riscos fiscais domésticos abalaram os investidores nos últimos dias.
O dólar estava 8,5% acima da cotação mínima para encerramento deste ano, de 4,6075 reais, atingida no início de abril, embora ainda acumulasse baixa de 10,3% em 2022.
O dólar negociado no mercado interbancário fechou a última sessão em alta de 0,53%, a 4,9166 reais na venda.