O Federal Reserve, banco central norte-americano, elevou a taxa de juros dos Estados Unidos em 0,75 pontos percentuais, para um intervalo entre 1,50% e 1,75% ao ano — o maior valor desde novembro de 1994.
O resultado veio em linha com a expectativa mais recente do mercado, que mudou nos últimos dias após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na última sexta (10).
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O indicador de inflação acelerou acima do esperado, com subida de 1% em maio, ante alta de 0,3% em abril. No ano, o acumulado foi para 8,6% frente uma estimativa de 8,3%. Este foi o maior avanço dos preços nos EUA desde 1981, o que aumentou as apostas em uma posição mais agressiva do Fed.
A preocupação do mercado é que essa política monetária resulte em uma recessão econômica ou estagflação (quando não há crescimento econômico, mas a inflação permanece elevada).
Em comunicado com a divulgação dos juros, a autoridade monetária afirmou que “a inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços de energia mais altos e pressões de preços mais amplas.” E acrescentou que “o comitê está fortemente comprometido em levar a inflação de volta a seu objetivo de 2%”.
Anteriormente, parte do mercado acreditava que o Fed poderia até mesmo encerrar o seu ciclo altista na reunião de setembro, porém, agora analistas já apontam para a taxa de juros terminando o ano próxima de 4%.
Depois dessa elevação de hoje, as autoridades do Fed projetaram aumento dos juros a 3,4% até o fim de 2022 (pela mediana das estimativas) e a 3,8% em 2023 — trata-se de uma mudança substancial em relação às projeções em março, que colocavam os juros a 1,9% neste ano.
Atrás da curva
Existe o temor de que o Fed esteja “mais atrás da curva de inflação do que o mercado imaginava”, disse à Reuters Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos. Segundo ele, o cenário é de “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.
Ao mesmo tempo que um aumento muito agressivo nos juros pelo banco central dos EUA poderia minar o crescimento econômico do país, a entrega de um ajuste abaixo do que já está precificado poderia ser vista como insuficiente diante do nível elevado de inflação e se mostrar “ainda pior”, disse o especialista.
O Goldman Sachs revisou sua projeção para considerar altas de 75 pontos-base nesta reunião de junho e na de julho, além de um aumento de 50 pontos-base em setembro e de 25 pontos-base em novembro e dezembro. O cenário final é de uma taxa terminal de 3,25% a 3,5%.
Trata-se de uma mediana muito acima da taxa neutra (que não acelera e nem esfria a economia) estimada pelo Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA), de 2,25% a 2,5%.
A política monetária mais rígida veio acompanhada de uma piora na perspectiva econômica pela autoridade monetária dos EUA, com projeção de que a economia desacelere a uma taxa de 1,7% (abaixo da tendência), com a taxa de desemprego em 3,7% até o fim do ano e a 4,1% em 2024.
No último dia 7, o Banco Mundial reduziu sua projeção para o crescimento do produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos em 2022 de 3,8% para 2,6%. Segundo o órgão, o aumento dos preços de energia, condições financeiras menos favoráveis e interrupções na cadeia de suprimentos prejudicam o crescimento do país.
(Com Reuters)
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