Por Joice Alves
LONDRES (Reuters) – As mudanças climáticas podem ser benéficas para o euro, enquanto o iuan chinês e o iene japonês devem sofrer mais sem maiores esforços para mitigar os efeitos do aquecimento global, disse o Barclays em relatório recente.
O banco britânico mapeou os efeitos das mudanças climáticas nas taxas de câmbio, dizendo que o aumento das temperaturas e os custos econômicos associados podem representar “risco crescente e caro, com impacto cambial tangível”.
No cenário mais severo do banco, o euro tem desempenho superior, valorizando 0,5% até 2030 em relação ao dólar e 3,9% em média nas próximas cinco décadas, com a abertura comercial do bloco monetário ajudando a amenizar o impacto econômico do aquecimento global.
Em contraste, o iuan chinês pode perder 5,5% até 2030, com uma depreciação adicional de 7% na próxima década que pode piorar para mais de 10% por década ao longo do tempo.
O Barclays disse que usou previsões nacionais de produtividade e fluxos de capital para as próximas cinco décadas para modelar como, dadas as condições atuais, o crescimento dos países e, consequentemente, suas moedas podem ser afetadas pelas mudanças climáticas.
O aumento do nível do mar, a variação nos rendimentos das colheitas, as mudanças na ocorrência de doenças, o turismo ou mesmo os impactos induzidos pelo calor na produtividade do trabalho são alguns dos fatores incluídos na análise, disseram analistas do Barclays no relatório.
As perdas mundiais de eventos climáticos extremos totalizaram 1,38 trilhão de dólares na década anterior, aumentando quase oito vezes desde a década de 1970, e devem chegar a 2 trilhões de dólares nesta década, segundo o relatório.
O iuan pode perder 53% de seu valor real nos próximos 50 anos como resultado da rápida industrialização da China nas últimas duas décadas e “políticas ambientais lenientes”, disse.
Para o Japão, a elevação do nível do mar representa a maior ameaça, segundo o documento do Barclays, o qual projeta que fatores ambientais tirem quase 3% do valor do iene até 2030. A moeda pode perder 55% no total em 50 anos e se tornar a divisa com pior desempenho do mundo já em meados do século, disse o banco.
O dólar norte-americano teria desempenho superior, beneficiando-se “da natureza diversificada da economia dos EUA”, disse o Barclays.
O modelo sugere que o dólar australiano também teria um desempenho acima da média, apesar da exposição semelhante a riscos marítimos crescentes como a que atinge o Japão. As exportações de commodities e a abertura comercial limitariam os danos ao crescimento, enquanto a maioria das moedas dos mercados emergentes ficaria sob pressão.
(Por Joice Alves)