Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) – Os gastos dos consumidores dos Estados Unidos aumentaram menos do que o esperado em maio em meio à escassez de veículos motorizados, enquanto preços mais altos forçaram cortes nas compras de outros bens, outro sinal de que a recuperação do crescimento econômico estava perdendo força no início do segundo trimestre.
Embora o relatório do Departamento de Comércio dos EUA desta quinta-feira sugira que a inflação provavelmente atingiu seu pico, as pressões sobre os preços permaneceram fortes o suficiente para manter o Federal Reserve em seu caminho agressivo de aperto da política monetária. Ainda assim, o esfriamento da demanda provavelmente será bem-recebida pelas autoridades do Fed.
O aumento dos juros e condições financeiras apertadas estão alimentando temores de uma recessão na maior economia do mundo, mas os dados econômicos até agora apontam, no geral, para um crescimento moderado. Os novos pedidos de auxílio-desemprego continuaram caindo na semana passada, apesar de demissões nos setores de tecnologia e habitação, mostraram dados separados nesta quinta-feira.
“O Fed ainda não venceu a guerra contra a inflação, mas há sinais um tanto encorajadores de que a economia está desacelerando”, disse Christopher Rupkey, economista-chefe da FWDBONDS em Nova York. “Apesar dos temores de recessão do mercado, as demissões não atingiram níveis suficientemente altos para determinar que a economia está indo para o precipício.”
Os gastos dos consumidores, que representam mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, avançaram 0,2% no mês passado, disse o Departamento de Comércio nesta quinta-feira, menor ganho em cinco meses. O dado de abril foi revisado para mostrar aumento de 0,6%, ao invés de 0,9% como relatado anteriormente.
As despesas com bens com duração de três anos ou mais caíram 3,2%, com peso dos veículos automotores. Também houve queda nas compras de móveis e equipamentos domésticos duráveis, bem como de bens recreativos e veículos. Isso compensou parcialmente um aumento de 0,7% em serviços, setor que foi impulsionado pelos gastos com habitação e serviços públicos, saúde e viagens internacionais.
Economistas consultados pela Reuters projetavam alta de 0,4% dos gastos. O relatório se junta a dados sobre início de construção de moradias, licenças de construção e produção industrial para sugerir que a economia estava lutando para ganhar força, depois que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu a uma taxa anualizada de 1,6% no primeiro trimestre.
O consumo mais lento provavelmente será bem recebido pelo Federal Reserve, que está procurando domar a inflação através de um aperto agressivo da política monetária. O banco central dos EUA aumentou sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual neste mês, maior alta desde 1994. Desde março, o aperto acumulado do Fed é de 1,50 ponto.
A inflação manteve sua tendência ascendente em maio. O índice PCE subiu 0,6% no mês passado, depois de alta de 0,2% em abril. Nos 12 meses até maio, o PCE registrou alta de 6,3%, repetindo a taxa de abril.
Mas as pressões de preços subjacentes estão começando a desacelerar, embora sigam fortes. Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços PCE subiu 0,3% pelo quarto mês consecutivo.
O chamado núcleo do PCE avançou 4,7% em maio em termos anuais, menor taxa desde novembro passado, depois de subir 4,9% em abril.
Os gastos dos consumidores continuam a ser sustentados por um mercado de trabalho apertado. Embora o crescimento do emprego esteja arrefecendo, a demanda por mão de obra continua forte, com 11,4 milhões de vagas de emprego disponíveis no final de abril
Um relatório separado do Departamento do Trabalho nesta quinta-feira mostrou que os pedidos iniciais de auxílio desemprego diminuíram em 2 mil, para 231 mil em dado ajustado sazonalmente, na semana encerrada em 25 de junho.
A expectativa era de 228 mil pedidos na última semana.