BRASÍLIA (Reuters) – O elevado grau de incerteza no cenário atual fez o Banco Central modular sua estratégia para levar a inflação para “ao redor” da meta em 2023, não mais o patamar exato do alvo de 3,25%, disse nesta quinta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Em entrevista à imprensa sobre política monetária, Campos Neto voltou a sinalizar ser contra mudanças nas metas de inflação. Segundo ele, modificar o alvo em um ano que a meta não será atingida não gera credibilidade. Da mesma forma, para ele, mudar a meta em anos mais distantes, que hoje estão com expectativas próximas à meta, também não gera credibilidade.
Campos Neto ressaltou que o BC não determina sua própria meta e que a decisão cabe ao Conselho Monetário Nacional, onde a autarquia conta com um dos três votos. O CMN deve decidir nesta quinta-feira a meta para 2025.
Ele reforçou que o trabalho atual do BC é para levar a inflação em 2023 da atual projeção de 4% para o redor da meta, sem detalhar o patamar exato.
Na apresentação, o presidente do BC ressaltou ser importante esperar que medidas para desonerar combustíveis sejam concluídas para fazer interpretação de efeitos sobre o quadro fiscal e, consequentemente, a atuação da autoridade monetária. Segundo ele, até o momento, não houve mudança suficiente para gerar assimetria no balanço de riscos para a inflação.
O calendário da autoridade monetária previa a divulgação do relatório trimestral de inflação nesta quinta-feira, mas com a continuidade da greve dos servidores da autarquia, o cronograma foi alterado, mantendo apenas a entrevista de Campos Neto na data original. Pela nova previsão, o relatório de inflação será apresentado na próxima quinta-feira.
(Por Bernardo Caram)