Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) – A elétrica Sterlite está estudando ingressar nos mercados de geração de energia renovável e armazenamento de energia no Brasil, ao mesmo tempo em que se prepara para disputar o próximo leilão de transmissão com vistas a ampliar sua presença no segmento, disse à Reuters o CEO da companhia no país.
A companhia indiana que atua desde 2017 no setor de transmissão brasileiro –no qual se destacou pela postura agressiva nos primeiros certames que disputou–, quer se posicionar em novas áreas do setor elétrico, principalmente geração renovável e armazenamento, que seriam uma “extensão natural” do seu negócio, disse à Reuters o CEO da Sterlite no Brasil, Amitabh Prasad.
Ele aponta que, na Índia, o grupo está desenvolvendo grandes projetos e criando experiência na oferta ininterrupta de energia renovável para grandes consumidores eletrointensivos, como indústria de alumínio, combinando diferentes fontes e soluções de geração.
No entanto, a aposta nesse segmento no Brasil deve ficar para daqui a alguns anos. “Há uma extensa carteira de projetos, mas o mercado está muito lotado, então temos que achar um espaço para nós”, disse Prasad.
O executivo também enxerga grandes oportunidades para projetos de armazenamento de energia, já que a matriz elétrica brasileira contará cada vez mais com as fontes eólica e solar, que têm geração variável ao longo do dia e demandam soluções para estabilizar o fornecimento de energia.
“O custo (de projetos de armazenamento) não tem caído tanto quanto se esperava, e por isso ainda não é uma opção comercial viável em todo o mundo”, pondera.
Já na transmissão, Prasad afirma que a Sterlite deve participar do leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica neste mês, buscando lotes que tenham sinergias com seu portfólio atual.
“Temos um processo bem estabelecido de seleção de lotes… Há um bom número de projetos (no leilão) que estão próximos do nosso propósito.. Estamos nos preparando seriamente para ‘bidar’ para esses projetos”.
Marcado para 30 de junho, na B3, o próximo certame de transmissão oferecerá 13 lotes ao mercado, que somam 5.425 quilômetros de linhas e 6.180 megavolt-ampéres (MVA) em capacidade de transformação de subestações. Ao todo, os empreendimentos devem exigir 15,3 bilhões de reais em investimentos.
O CEO da Sterlite Brasil disse esperar mais uma licitação competitiva, seguindo a tendência vista nos últimos anos, ainda que os custos dos projetos de transmissão tenham subido devido à alta das commodities, aumento do custo de capital e pressões na cadeia de suprimentos.
“Minha visão é de que pode ser super competitivo, mas você pode não ver 65% de deságio.”
Desde sua entrada no Brasil, há cinco anos, a Sterlite esteve à frente de 11 projetos de transmissão, sendo que alguns foram vendidos a investidores como Engie e Vinci Partners. A companhia trabalha para concluir ainda em 2022 mais três projetos, nos Estados de Minas Gerais, Paraíba e Goiás, com adiantamento em relação ao cronograma da Aneel.
(Por Letícia Fucuchima)