PARIS (Reuters) – O instrumento planejado pelo Banco Central Europeu contra a fragmentação financeira entre os países da zona do euro deve permitir que o banco sustente seu compromisso com a defesa do euro, disse nesta segunda-feira François Villeroy de Galhau, membro do BCE.
Em uma reunião de emergência na semana passada, o BCE pediu aos funcionários que acelerassem o projeto de uma ferramenta “antifragmentação” após forte aumento dos spreads entre os rendimentos dos títulos do sul da Europa em relação à dívida alemã, considerada segura.
Falando ao jornal italiano Corriere della Sera, Villeroy disse que a reunião foi a melhor prova de que não há limites para o compromisso do BCE de garantir preços estáveis e proteger o euro.
“Este deveria ser um instrumento de respaldo. Deveria estar disponível tanto quanto necessário, de modo a tornar muito claro nosso compromisso sem limites de proteger o euro”, disse Villeroy.
“Quanto mais confiável esse instrumento, menos ele terá que ser utilizado na prática. É assim que funciona um ponto de apoio”, acrescentou Villeroy.
Villeroy, que também é presidente do banco central francês, disse que uma ferramenta especificamente concebida para combater a fragmentação é necessária para garantir a transmissão ordenada da política monetária através dos países membros da zona do euro.
Até agora, a presidente do BCE, Christine Lagarde, tem sido vaga sobre como o instrumento será utilizado e quando estará pronto, bem como quais condições poderiam ser potencialmente impostas aos países que se beneficiarem da compra de títulos no âmbito do programa.
Villeroy disse que o programa terá regras, mas que o BCE também terá a liberdade de exercer seu julgamento e que as intervenções no mercado deveriam ser esterilizadas, o que significa que elas seriam feitas de maneira que não afete sua postura de política monetária.
Ele acrescentou que os títulos adquiridos não precisariam necessariamente ser mantidos até o vencimento, mas sim até depois que as tensões do mercado diminuam.
“Em outras palavras, poderíamos ser mais ágeis na compra, mas também na venda após algum tempo”, disse Villeroy.
(Reportagem de Leigh Thomas)