SÃO PAULO (Reuters) – O volume de aço produzido no Brasil em maio voltou a registrar queda na comparação anual, puxado por recuo de mais de 22% em aços planos, segmento tem entre os principais consumidores as indústrias automotiva e de bens de consumo.
A produção de aço de maio, de 2,972 milhões de toneladas, ficou praticamente estável frente a abril, mas caiu 4,9% na comparação anual, segundo os dados divulgados nesta segunda-feira pelo Aço Brasil, entidade que reúne siderúrgicas do país.
A produção de laminados planos desabou 22,6% em maio sobre um ano antes, acumulando queda de 9,7% nos cinco primeiros meses do ano frente o mesmo período de 2021.
A Usiminas, um dos principais produtores de aços planos do país, adiou em abril em dois meses conclusão de reparo de alto-forno de sua usina em Ipatinga (MG). O equipamento foi paralisado em setembro passado após um acidente.
Já o volume produzido no Brasil de aços longos, usados na construção civil, caiu 10% em maio sobre o mesmo mês do ano passado, mostrando queda de 6,7% no acumulado. Coincidentemente, as vendas de cimento, outro insumo do setor de construção, também mostraram queda em maio, segundo dados do sindicato de fabricantes do insumo, Snic, divulgados no início deste mês.
Segundo o Aço Brasil, as vendas de aço no mercado interno em maio caíram 13,4% ante o mesmo mês de 2021, para 1,824 milhão de toneladas, avançando 3,5% ante abril deste ano. No acumulado de janeiro a maio, as vendas mostram retração de 14,7% sobre um ano antes.
O consumo aparente de aço, que considera vendas internas de itens produzidos no país e importações, recuou 15,7% no mês passado ante maio de 2021, para 2,1 milhões de toneladas. No ano, o indicador está negativo em 14,6%, a 9,8 milhões de toneladas.
As importações, que têm sido afetadas por volatilidade nos preços internacionais e no câmbio, além de problemas na oferta logística, despencaram cerca de 50% em maio, para 276 mil toneladas, segundo os dados do Ministério da Economia compilados pelo Aço Brasil.
Mas as exportações de aço do Brasil dispararam 43%, para 1,06 milhão de toneladas em maio contra o mesmo período de 2021, acumulando no ano até o mês passado alta de 32,4%, para 5,6 milhões de toneladas.
Em um sinal de impactos da guerra na Ucrânia, as exportações de aço do Brasil para a União Europeia dispararam para 146 mil toneladas em maio ante pouco menos de 5 mil toneladas em igual mês de 2021.
Além da região, as vendas externas de produtos siderúrgicos brasileiros cresceram quase que três vezes para a América Latina em maio na comparação anual, para 377 mil toneladas.
Mas para os Estados Unidos, principal mercado para o aço brasileiro, as vendas externas do Brasil recuaram 14,7% em maio sobre um ano antes, a 467 mil toneladas, exibindo retração no acumulado do ano até o mês passado.
O recuo nas vendas para os EUA ocorreu em um momento em que a indústria siderúrgica brasileira tenta convencer autoridades norte-americanas a flexibilizarem cotas de importação de aço do Brasil impostas durante o governo de Donald Trump, em 2018.
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de André Romani)