A atividade econômica brasileira seguiu em declínio em meados do segundo trimestre, embora a um ritmo mais fraco de contração em maio em relação ao mês anterior, de acordo com dados do Banco Central divulgados nesta hoje (14).
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) teve em maio recuo de 0,11% em relação a abril, segundo dado dessazonalizado do indicador, que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).
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O resultado é o segundo seguido no vermelho, mas mostra uma contração mais fraca do que a de 0,64% de abril. A autoridade monetária revisou com força para baixo a leitura de abril, depois de informar anteriormente contração de 0,44%.
O BC retomou a divulgação de indicadores com o fim da greve de servidores, e na semana passada informou os dados de março e abril do IBC-Br.
Na comparação com maio do ano anterior, o IBC-Br registrou avanço de 3,74%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a uma alta de 2,66%, de acordo com números observados.
“Se nossa expectativa para junho (alta de 0,7% sobre maio) estiver correta, o IBC-Br apresentará elevação de 0,6% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro”, calculou Rodolfo Margato, economista da XP.
Ele calcula que o PIB brasileiro terá expansão de 0,8% sobre os três meses anteriores e crescerá 2,5% ante o segundo trimestre de 2022. Para 2022, a XP calcula um avanço de 2,2%.
A indústria do Brasil cresceu em maio pelo quarto mês seguido, porém a taxa de 0,3% ficou abaixo do esperado. Outro desempenho que ficou bem abaixo da expectativa no mês foi o de vendas varejistas, que cresceram apenas 0,1%.
Em contraste, o setor de serviços voltou a registrar ganhos em maio e acima do esperado, com aumento do volume de 0,9%.
“Olhando à frente, o impacto defasado do recente aperto financeiro e da política monetária, condições gradualmente mais exigentes de crédito, alto nível de endividamento, desaceleração da economia global e incerteza da política pós-eleição devem ampliar os obstáculos à atividade econômica”, disse em nota Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para a América Latina no Goldman Sachs.
O cenário econômico no Brasil engloba inflação alta, agravada pela guerra na Ucrânia, com taxa de juros elevada e incertezas relacionadas à eleição presidencial no país em outubro. O ambiente internacional também traz desafios, já que o aumento de juros nas economias avançadas tende a retrair a atividade no mundo e afastar investimentos de países emergentes.
As condições financeiras mais apertadas devem continuar pesando sobre a força econômica nos próximos meses, mas podem ser mitigadas pela melhora do mercado de trabalho e medidas de auxílio do governo.
Se no início do ano a economia foi favorecida pela liberação de saques extraordinários do FGTS, antecipação do 13º de aposentados e pensionistas e o Auxílio Brasil, a partir de agora devem apresentar efeito a redução das alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo e a PEC dos Benefícios, que tem por objetivo aumentar o valor ou criar novos benefícios sociais a menos de três meses das eleições.
A taxa básica de juros Selic está em 13,25%, nível elevado que tende a restringir a atividade e o consumo, e o BC já indicou que antevê um novo ajuste na reunião de agosto.
O diagnóstico apresentado recentemente pelo Banco Central prevê que, diante da defasagem dos efeitos da política monetária, o aperto nos juros deve provocar uma desaceleração da atividade econômica no segundo semestre deste ano.
A pesquisa Focus realizada semanalmente pelo BC com uma centena de economistas –que também voltou a ser divulgada após a greve– aponta que a expectativa é de que o PIB cresça 1,59% neste ano, desacelerando a uma expansão de 0,50% em 2023.
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