Autoridades dos Estados Unidos prenderam hoje (21) um ex-funcionário da Coinbase e outras duas pessoas por usarem informações confidenciais da corretora de criptomoedas para cometer insider trading – o primeiro caso desse tipo no setor de criptoativos.
A SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) informou que as acusações foram feitas contra Ishan Wahi, ex-gerente de produto da Coinbase, juntamente com seu irmão e um amigo. Os dois teriam sido informados por Wahi sobre o momento e o conteúdo de listagens de tokens planejadas pela plataforma.
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Em um outro processo, o Departamento de Justiça dos EUA acusou os três de fraude e de conspirar para cometer fraude. A pasta informou em comunicado que Wahi usou informações confidenciais de um canal privado de mensagens da empresa que era reservado para um “pequeno número” de funcionários que tinham envolvimento direto no processo de listagem. Os três homens foram detidos em Seattle na manhã de hoje (21).
Como gerente de produto, Nikhil Wahi ajudou a coordenar os anúncios da listagem pública da plataforma, incluindo os criptoativos ou tokens que seriam disponibilizados para negociação. Segundo a SEC, ele se envolveu no esquema de junho de 2021 a abril de 2022, apesar de a Coinbase alertar seus funcionários para não participar em negociações que envolvessem informações confidenciais às quais eles tinham acesso.
Wahi e Ramani teriam comprado pelo menos 25 criptoativos – ao menos nove dos quais eram títulos – e venderam após os anúncios de listagem. Eles ganharam mais de US$ 1,1 milhão (R$ 6 milhões) em lucros ilícitos graças ao esquema, de acordo com a SEC.
Em um dos episódios investigados pelas autoridades, Ishan supostamente falou com Nikhil “por alguns minutos” após receber a confirmação de que o token POWR, baseado na blockchain Ethereum, seria listado na Coinbase. A informação permitiu que ele comprasse cerca de US$ 7 mil (R$ 38,3 mil) do criptoativo apenas dois minutos antes do anúncio. Depois, Nikhil “quase imediatamente” recebeu um lucro de US$ 3.050,00 ao vender os tokens assim que o anúncio foi ao ar.
Embora haja um debate de longa data sobre a possibilidade de classificar certas criptomoedas como títulos, Gurbir Grewal, da SEC, disse em um comunicado que as “realidades econômicas mostram que as criptos envolvidas são títulos”, e prometeu dobrar as ações de execução envolvendo crimes com criptoativos “independentemente do rótulo utilizado.”
Em uma postagem no blog após o anúncio das prisões, o CEO da Coinbase, Brian Armstrong, rebateu a afirmação da SEC, observando que o Departamento de Justiça não apresentou acusações de fraude com títulos.
“As acusações da SEC são uma infeliz distração da aplicação da lei.” Ele também disse que a empresa conduziu uma investigação rápida sobre o assunto depois de receber denúncias de irregularidades.
Embora o grupo tenha tentado ocultar as operações usando contas mantidas em nome de outras pessoas e transferindo fundos por meio de várias carteiras anônimas, a negociação suspeita chamou a atenção do diretor de segurança da Coinbase, afirmou a SEC.
Em 11 de maio, a empresa enviou um email a Ishan para agendar uma reunião com um representante do departamento jurídico da Coinbase por causa de uma “investigação em andamento sobre o processo de listagem de ativos da Coinbase”.
Ishan, então, enviou uma captura de tela do pedido de entrevista para seus co-conspiradores e disse que precisava falar com eles com urgência. Ele nunca apareceu para a reunião e, em vez disso, tentou “viajar de volta para a Índia no mesmo dia”, segundo a SEC.
A SEC afirmou que o caso é o primeiro em que atua o órgão que envolve denúncias de negociação de criptoativos com informações privilegiadas. O Departamento de Justiça, por outro lado, já trabalhou em casos similares antes.
No mês passado, Nate Chastain, ex-funcionário de alto escalão da OpenSea, um dos maiores marketplaces de tokens não fungíveis (NFT, na sigla em inglês), foi indiciado por fraude e lavagem de dinheiro.
Os promotores alegaram que Chastain, então chefe de produto da empresa, cometeu “insider trading”. Ele teria comprado dezenas de NFTs antes de eles serem listados na plataforma e os vendia logo depois por duas a cinco vezes o preço inicial.
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