O mercado de tecnologia foi um dos mais afetados pelo cenário econômico conturbado dos seis primeiros meses de 2022. De acordo com estudo realizado pela plataforma de inovação Distrito, os investimentos em startups do país recuaram 44% no semestre, totalizando US$ 2,9 bilhões (R$ 15,4 bilhões) e 327 transações.
No mesmo período de 2021, os aportes chegaram a US$ 5,2 bilhões (R$ 27,7 bilhões) e 416 negociações.
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De acordo com o levantamento, a queda foi mais acentuada no segundo trimestre, tanto no volume, quanto nas transações. Em junho, foram US$ 343 milhões (R$ 1,8 bilhão) captados em 45 rodadas, frente ao recorde de US$ 2,1 bilhões (R$ 11,2 bilhões) e 76 negociações no mesmo período de 2021.
“As startups brasileiras sentiram os efeitos do cenário macroeconômico. Diante disso, muitas empresas estão mudando a operação, privilegiando caixas mais sustentáveis em detrimento do crescimento exponencial. Os empreendedores terão de mostrar habilidade ao manobrar a empresa e provar que o modelo é adaptável a diferentes contextos”, afirma Gustavo Araujo, cofundador do Distrito, em nota.
Para as startups em estágios iniciais, por outro lado, os números foram positivos no semestre. As rodadas do tipo seed (investimento-anjo, pré-seed e seed) passaram de US$ 151 milhões (R$ 806 milhões) no primeiro semestre de 2021 para US$ 282 milhões (R$ 1,5 bilhão) este ano, enquanto os rounds early stage (que compreendem as séries A e B) foram de US$ 1,23 bilhão (R$ 6,5 bilhões) para US$ 1,39 bilhão (R$ 7,4 bilhões).
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“A correção de valuation tende a afetar startups mais maduras, principalmente as que têm porte de unicórnio”, diz Araujo. “Empresas iniciantes que tenham um bom time e solucionem dores relevantes do mercado ganham espaço agora”.
As fintechs lideram o ranking de investimentos com US$ 1,3 bilhão (R$ 6,9 bilhões) arrecadados no semestre. Na sequência aparecem as retailtechs (varejo), com US$ 366 milhões (R$ 1,9 bilhão) e as RHtechs (recursos humanos), com US$ 247 milhões (R$ 1,3 bilhão).
Até o momento, as fintechs Neon, Creditas e Dock foram as que mais captaram em 2022. elas receberam aportes de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão), US$ 260 milhões (R$ 1,3 bilhão) e US$ 110 milhões (R$ 587 milhões), respectivamente.
O levantamento mostra ainda que os negócios entre empresas, como fusões e aquisições, também registraram leve retração nos primeiros seis meses do ano, passando de 118 para 110 transações. Metade das negociações do semestre foram feitas com outras startups.