Com o poder de compra do brasileiro corroído pela inflação de dois dígitos (11,89%) e o acesso ao crédito mais caro devido à alta da taxa Selic (13,25%), o cenário para varejistas como o Magazine Luiza (MGLU3) se tornou pouco promissor.
Desde o início do ano, as ações do Magazine Luiza acumulam queda de 61,50%. O papel era negociado a R$ 7,41 na primeira sessão de 2022 da Bolsa e encerrou o dia de hoje (18) a R$ 2,77.
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Um vídeo com a fundadora do Magazine Luiza, Luiza Trajano, viralizou nas redes sociais hoje. A atual presidente do conselho da varejista ao pediu aos clientes que compareçam às lojas e façam compras.
“Você que tem vontade de comprar um computador para o seu filho, uma TV maior para assistir à Copa do Mundo ou outras coisas (…). O seu crédito já está pré-aprovado na Magazine Luiza, por isso estou fazendo esse vídeo para falar com você”, diz Trajano na gravação que foi enviada aos consumidores pelo WhatsApp.
A fundadora pediu aos clientes que procurem as lojas do Magazine Luiza e apresentem o vídeo aos vendedores para obter crédito. Segundo Trajano, os pagamentos serão feitos por meio de carnês, modalidade muito popular nos anos 1990 graças às ações comerciais da Casas Bahia, da Via (VIIA3).
“Vá o mais rápido possível às nossas lojas, por favor. (…) Nós acreditamos em vocês”, conclui Trajano.
O apelo não foi suficiente para interromper o movimento de queda das ações, que fecharam hoje em leve baixa de 0,36%.
Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, afirma que dois motivos agravam as perdas da varejista na Bolsa. O primeiro é a alta dos juros, que acabam “corroendo o resultado financeiro de empresas endividadas, o que afeta o lucro final”, diz o especialista. O segundo é o aumento do custo de capital, que diminuiu o valor da empresa nas análises de valuation.
“O resultado financeiro do Magazine Luiza está piorando, as margens estão diminuindo e a empresa continua negociando a múltiplos altos, por isso as ações continuam registrando fortes quedas”, explica Galindo.
João Beck, economista e sócio da BRA, pontua que o varejo é um dos setores que estão mais suscetíveis à alta dos juros por causa da dependência da liberação de crédito. Além disso, a inflação e o fortalecimento de concorrentes também pressiona a empresa.
“No início da pandemia, o mercado elegeu o Magazine Luiza como a única vencedora de ecommerce no Brasil, uma espécie de Amazon brasileira, o que não é o caso. Vemos outras empresas muito bem capitalizadas com dinheiro norte-americano surgindo e ganhando espaço também”, diz Beck.
Em seu resultado do primeiro trimestre de 2022, a varejista registrou R$ 161,3 milhões de prejuízo líquido e uma margem líquida negativa de 1,8%. Na comparação anual, houve uma reversão em relação ao lucro de R$ 258,6 milhões do primeiro trimestre de 2021, assim como na margem de 3,1% do mesmo período.
“Apesar da forte queda do papel, seguimos com uma visão cautelosa decorrente da manutenção de um cenário macro ainda bastante desfavorável para o consumo de bens duráveis, enquanto o ciclo de alta de juros tanto aqui no Brasil como nos Estados Unidos é um desafio para empresas com perfil de crescimento, como é o caso do Magalu”, diz um relatório da XP Investimentos divulgado em maio.
“Um dia vai quebrar”
Na semana passada, o megainvestidor Luiz Barsi afirmou que a varejista está fadada a “quebrar”. “Pelo menos 40 empresas de varejo quebraram e as próximas quebrarão. Magazine Luiza um dia vai quebrar. Não sei quando, mas vai. Eu não sou profeta, estou falando em termos de histórico”, disse Barsi ao podcast “Irmãos Dias”.
A opinião do investidor é de que “o setor de varejo não tem uma conotação confiável em sua operacionalização”, pois “o varejo é uma atividade na qual você precisa sempre aportar recursos, sistematicamente”.
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