O forte aumento do índice de inadimplência do Bradesco no segundo trimestre estava dentro do previsto e deve moderar na segunda metade do ano, disse Octávio de Lazari Jr., presidente-executivo do banco.
“Não foi surpresa”, disse o executivo em teleconferência com jornalistas sobre os resultados trimestrais.
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Ontem (4), o Bradesco anunciou que seu índice de atrasos acima de 90 dias teve alta de 0,3 ponto percentual entre março e junho, para 3,5%. A alta teria sido ainda maior, ao redor de 0,6 ponto, não fosse uma venda de carteiras de crédito vencidas, o que o Citi estimou em R$ 2 bilhões.
O aumento do índice de atraso foi apontado por analistas como uma destaque negativo do balanço, ofuscando em parte os ganhos surpreendentes de margem com clientes e o forte resultado em seguros, que levaram o banco a superar a previsão média de analistas para o lucro do trimestre.
“A margem com clientes e as receitas com seguros tiveram um desempenho superior, enquanto as provisões para perdas (com inadimplência) e os resultados de tesouraria foram os negativos”, afirmaram analistas do BTG Pactual em relatório a clientes.
“Ainda vemos os níveis de inadimplência crescendo no segundo semestre, disse Lazari Jr., detalhando que essa alta tende a ser residual, enquanto o banco desacelera linhas de maior risco, como de cartões de crédito, num cenário mais arisco pontuado pela alta da Selic, que subiu a 13,75% nesta semana.
O Bradesco previu desaceleração da carteira total neste segundo semestre e que os empréstimos de mais longo prazo só devem ganhar tração na segunda metade de 2023, quando o cenário pós-eleição presidencial no país deve ter se aclarado e o mercado deve começar a trabalhar com um ciclo de corte de juros.