O dólar atingiu a maior alta em duas décadas ontem (29). A valorização foi um reflexo dos comentários de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (banco central norte-americano), que afirmou que o órgão continuará a combater a inflação “com força” – sinalizando mais aumentos da taxa de juros.
Na segunda-feira, o Dollar Index subiu mais de 0,6% nas negociações, para uma alta de 109,44 pontos, antes de se estabelecer em 109,22. O índice atingiu brevemente 109 pontos em julho deste ano, mas o pico de ontem representa o nível mais alto desde 2002.
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O Dollar Index mede o valor do dólar em relação a uma cesta de seis outras moedas: euro, iene (Japão), libra, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço.
Em nota no início deste mês, a empresa de investimentos LPL afirmou que os aumentos da taxa de juros promovidos pelo Federal Reserve seriam “altistas para o dólar americano”.
O dólar mais forte é uma má notícia para o mercado de ações, já que cerca de 30% da receita obtida pelas empresas do S&P 500 vem de mercados fora dos EUA, acrescentou a nota da LPL.
Economistas consultados pela Reuters observaram que o índice pode subir ainda mais no final desta semana e chegar perto de 110 pontos.
Desde o início do ano, a moeda norte-americana subiu 13,5%.
Em um discurso na sexta-feira (26), Powell indicou que o Federal Reserve continuará com seu plano agressivo de aumento dos juros enquanto trabalha para conter os níveis recordes de inflação, e alertou que o processo não seria indolor.
O presidente do banco central dos EUA espera que as medidas do Fed levem a um “período de crescimento abaixo da tendência” que causará “alguma dor” para famílias e empresas.
O discurso mais uma vez levantou temores de uma recessão e fez tanto o S&P 500 quanto o Nasdaq caírem mais de 3% no pregão de sexta-feira.
Um aspecto positivo de um dólar mais forte é que ele pode ajudar a aliviar a inflação à medida que as importações de bens e serviços se tornam mais baratas. Os EUA importam mais do que exportam; em junho o país registrou um déficit comercial de US$ 79,6 bilhões.
O euro caiu abaixo da paridade com o dólar pela segunda vez este ano na semana passada e, desde então, seu valor permanece menor que o da moeda dos EUA.
De acordo com o rastreador de câmbio XE, o euro era avaliado em US$ 0,993 nas negociações de ontem.
A queda do euro foi em grande parte impulsionada por preocupações com o setor de energia em meio a uma ameaça persistente de a Rússia cortar o fornecimento de gás natural para a zona do euro.