O relatório 13F do primeiro trimestre da Berkshire Hathaway foi divulgado em 15 de agosto. O documento, que deve ser apresentado trimestralmente à SEC (CVM norte-americana), oferece a oportunidade de observar o que dois dos maiores investidores globais, Warren Buffett e Charlie Munger, e suas equipes estão fazendo na carteira de ações da Berkshire.
A companhia de Buffett tem um grande número de empresas próprias (nas quais detém 100% das ações), então o documento mostra apenas uma fatia dos investimentos. O relatório de lucros do segundo trimestre da Berkshire, resumido aqui , traz mais informações sobre as operações da holding.
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A carteira de investimentos de US$ 300 bilhões da Berkshire inclui 47 empresas, duas a menos que no trimestre passado. Apesar de investir mais dinheiro em seu portfólio de ações no período, o valor caiu dos US$ 364 bilhões no final do primeiro trimestre devido à queda de mais de 16% do S&P 500 entre abril e junho.
As cinco principais participações representam mais de 74% do portfólio total. A Apple representava quase 41% da carteira no final do segundo trimestre. Em ordem de tamanho, as participações são:
- Apple (AAPL),
- Bank of America (BAC),
- Coca-Cola (KO),
- Chevron (CVX) e
- American Express (AXP).
Devido a essas participações significativas, somada às ações que a firma tem da Kraft Heinz (KHC), o portfólio da Berkshire está significativamente concentrado em tecnologia, produtos básicos de consumo e finanças em relação ao S&P 500.
Este portfólio não inclui indústrias ou serviços públicos, mas as companhias em que a Berkshire é a única acionista incluem uma grande ferrovia, a Burlington Northern Santa Fe, e vários companhias de serviços públicos e de oleodutos.
O relatório 13F não inclui ações fora do mercado norte-americano, mas a Berkshire Hathaway anunciou a aquisição de cerca de 5% de cinco tradings japonesas no final de agosto de 2020: Itochu Corp., Marubeni Corp., Mitsubishi Corp. , Mitsui & Co. Ltd. e Sumitomo Corp. Essas participações não fazem parte desta análise.
Buffett indicou que esses investimentos visam o longo prazo, e que a Berkshire pode aumentar sua posição para 9,9%.
Entra e sai na carteira
Esta análise olha para o portfólio da Berkshire por meio de uma série de indicadores, incluindo estimativa para o futuro como preço-lucro (P/L), preço-vendas (P/V), retorno sobre o patrimônio (ROE), valor-lucro da empresa antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EV/Ebitda), price-to-book (P/BV), dividend yield, alavancagem (dívida/Ebitda) e lucro por período de longo prazo frente às estimativas de consenso de crescimento.
No geral, a análise do portfólio reflete uma avaliação um pouco mais barata do que o S&P 500, ao mesmo tempo em que apresenta melhor lucratividade (ROE) e níveis de dívida semelhantes. Espera-se que a taxa de crescimento do lucro por ação no consenso de longo prazo (próximos 3 a 5 anos) seja menor do que o S&P 500.
Não houve novas compras após a adição de oito novas ações no primeiro trimestre. Já Verizon (VZ) e Royalty Pharma (RPRX) foram eliminadas do portfólio no segundo trimestre. A Berkshire já vinha reduzindo suas participações em ambas as empresas no primeiro trimestre.
A Berkshire também reduziu suas posições na Kroger (KR) e na Store Capital (STOR) – a firma já vinha vendendo ações das duas companhias no primeiro trimestre –, além de US Bancorp (USB) e General Motors (GM). No início deste ano, a Berkshire havia aumentado sua participação na GM.
A Berkshire aumentou suas posições em Apple (AAPL), Chevron (CVX), Occidental Petroleum (OXY), Activision Blizzard (ATVI), Paramount (PARRA), Celanes (CE), McKesson (MCK), Ally Financial (ALLY) e Markel (MKL).
A Microsoft (MSFT) anunciou um acordo para comprar a Activision por US$ 95,00 por ação em 18 de janeiro de 2022. Buffett discutiu o aumento anterior da participação da Activision na reunião anual da Berkshire e observou que era uma oportunidade, apostando que a Microsoft concluiria a aquisição.
A firma de Buffet e Munder é a maior detentora de ações da Paramount Global, com quase 13% de participação. A participação da Chevron foi expandida por quatro trimestres consecutivos, e as compras foram significativas o suficiente para torná-la a quarta maior posição de capital aberto da Berkshire.
As ações adicionais da Occidental foram a maior compra do trimestre. Mais cedo neste ano, a Berkshire anunciou que era dona de mais de 10% da Occidental e a firma é obrigada a divulgar quaisquer transações com as ações.
A partir dessas novas informações, a participação da Berkshire na Occidental é maior do que era no momento da elaboração do relatório 13F: a empresa controla mais de 20% das ações em circulação da Occidental.
A Berkshire adicionou aproximadamente US$ 3,8 bilhões em compras líquidas de ações à sua carteira de capital aberto no segundo trimestre. Notavelmente, grande parte dos investimentos se destinou a duas empresas de energia, a Occidental e a Chevron.
Apesar das fortes quedas nos preços das ações no segundo trimestre, a Berkshire desacelerou o ritmo das compras depois de adicionar cerca de US$ 40 bilhões no primeiro trimestre. A declaração de Buffett na reunião anual deste ano ainda é pertinente:
“A Berkshire não tem sido boa no timing das compras. [A firma] tem se saído bem em identificar os momentos em que pode fazer investimentos com bons retornos. Na maioria das vezes, eles [os traders] querem que os preços caiam para que possam comprar mais se gostarem.”
Buffett foi fiel à sua palavra, pois todas as ações que ganharam mais espaço no portfólio deste trimestre foram incluídas no trimestre anterior ou eram posições que já vinham crescendo no primeiro trimestre.
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