O grupo de medicina diagnóstica Fleury anunciou hoje (4) alta de 7,6% no lucro líquido do segundo trimestre ante um ano antes, acima do esperado, com maiores receitas compensando elevação de despesas e piora do resultado financeiro devido às recentes aquisições.
O Fleury registrou lucro líquido de R$ 70,5 milhões no trimestre encerrado em junho, contra expectativa de analistas de R$ 60,1 milhões, segundo pesquisa da Refinitiv.
A companhia atribuiu o resultado à combinação da “disciplina na execução” da sua estratégia de crescimento com a “solidez” de seu negócio principal de medicina diagnóstica, segundo o relatório de resultados.
O Fleury concluiu treze aquisições em medicina diagnóstica e novos negócios desde 2017 e busca aprovação regulatória na compra de outras duas companhias, incluindo o Hermes Pardini. A aquisição, anunciada em junho, deve gerar incremento de lucro operacional de até R$ 190 milhões anualmente, calculam as empresas.
O diretor de finanças e relações com investidores da companhia, José Antonio Filippo, disse à Reuters que, com base em conversas com os advogados da empresa, seis meses para uma aprovação regulatória “pode ser um período imaginado como referência”. Ele reiterou as projeções de sinergia da transação.
A receita líquida total do Fleury no segundo trimestre foi de R$ 1,1 bilhão, alta de 19,3% na base anual.
A companhia ressaltou, porém, que a receita bruta teve crescimento orgânico – sem contar as aquisições – de 10% ante um ano antes. Além disso, o maior faturamento veio apesar do recuo na contribuição de exames da Covid-19, que foi de 3,9% da receita bruta, o menor percentual desde o início da pandemia – chegou a ser de 17,3% no começo de 2020.
A presidente da companhia, Jeane Tsutsui, disse acreditar que o crescimento orgânico trimestral do Fleury continue em nível próximo ao patamar visto nos dois primeiros trimestres do ano. A empresa segue atenta a potenciais aquisições, segundo ela.
O desempenho operacional do Fleury medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação) recorrente foi de R$ 298 milhões, avanço de 19,6%. Analistas esperavam, em média, R$ 281,3 milhões.
A margem Ebitda recorrente foi de 26,8%, contra 26,7% um ano antes. No primeiro trimestre, a empresa divulgou margem de 30%. Tsutsui disse que historicamente a margem dos três primeiros meses do ano é mais fraca devido à renegociação de preços.
O Fleury também mostrou crescimento em negócios de menor contribuição no faturamento, mas que são apostas da companhia para o futuro. A receita bruta somada da unidade ‘novos elos’ (como ortopedia e oftamologia) e da plataforma de saúde online, onde são agendadas teleconsultas, aumentou 115% em relação a 2021, representando 7,4% da receita bruta do grupo – era 6,8% no primeiro trimestre deste ano.
Despesas e financeiro pesam
Se de um lado as recentes aquisições impulsionaram as receitas, do outro ajudaram a pressionar as despesas.
As despesas operacionais e equivalência patrimonial recorrentes ficaram em R$ 115,8 milhões, alta de 15,8%, enquanto os custos dos serviços prestados cresceram 20,4%.
As aquisições também impactaram na dívida líquida da companhia, o que gerou um resultado financeiro negativo em R$ 86,3 milhões, cerca de 138% pior do que no segundo trimestre de 2021.
A alavancagem (relação dívida líquida sobre Ebitda nos últimos 12 meses) ficou em 1,8 vez, contra 1,4 vez nos primeiros três meses do ano e 0,4 vez um ano antes.
Filippo afirmou não esperar que esse patamar “aumente muito”, observando que o negócio com a Pardini foi feito em sua maioria por troca de ações.