Descolado do exterior, o Ibovespa fechou em alta hoje (2), com avanço de 1,11%, a 103.362 pontos. A Bolsa brasileira recebeu impulso das altas nas ações de bancos, siderúrgicas e mineradoras.
No exterior o dia foi bem diferente, com investidores preocupados com os juros após falas duras de dirigentes do Federal Reserve (banco central norte-americano), além da tensão EUA-China com a repercussão da visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a Taiwan.
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Depois de alguns dias em clima de expectativa por um aumento menor dos juros no próximo encontro do Fed, em setembro, o mercado reagiu mal às falas duras de membros do banco central dos EUA hoje.
Começou com Mary Daly, do Fed de São Francisco, que disse que “a tarefa de conter a inflação não está nem perto de ser concluída”. Depois, Loretta Mester, do Fed de Cleveland, afirmou que o aumento dos preços “não esfriou de forma alguma” e que “levará um tempo para que volte à meta de 2%” e o banco central possa cogitar um recuo.
Somou-se à desilusão do mercado a chegada de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, a Taiwan. Isso porque Taiwan é uma ilha reivindicada pela China, que considera a viagem como uma afronta.
Trata-se da primeira visita de cunho diplomático à ilha em 25 anos e, segundo fontes da Reuters, existe o risco de levar as relações entre Washington e Pequim a uma nova crise.
A presidente da Câmara afirmou que “a visita honra o compromisso inabalável dos Estados Unidos em apoiar a democracia de Taiwan”. E acrescentou que “a solidariedade dos Estados Unidos com os 23 milhões de habitantes da ilha é mais importante hoje do que nunca, pois o mundo enfrenta uma escolha entre autocracia e democracia.”
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse após o desembarque de Pelosi que os políticos dos EUA “brincam com fogo”.
A resposta de Wall Street foi sair dos ativos de risco. As bolsas em Nova York fecharam em queda. O Dow Jones recuou 1,22%, a 32.396,76 pontos; o S&P perdeu 0,66%, a 4.091,35 pontos; e o Nasdaq apresentou leve variação negativa de 0,16%, a 12.348,76 pontos.
Por aqui, o clima no Ibovespa foi outro. Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, afirma que o dia foi de recuperação graças à busca dos investidores por ativos considerados “descontados”, além de uma expectativa pela divulgação dos balanços dos bancos nos próximos dias.
Ignorando o imbróglio político entre EUA-China, as empresas ligadas às commodities metálicas apresentaram os maiores avanços do Ibovespa, mesmo sem o impulso do minério de ferro, que apresentou uma leve alta de 0,19% no dia.
Vale (VALE3) ganhou 3,19% (R$ 70,25) e ajudou a puxar o Ibovespa. A acionista da mineradora Bradespar (BRAP4) subiu 2,65%, a R$ 22,45. CSN Mineração (CMIN3) ganhou 2,01% (R$ 3,55), Gerdau (GGBR4) avançou 3,08% (R$ 24,40), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), +2,73% (R$ 10,18), e Usiminas (USIM5) teve alta de 1,89% (R$ 8,10), todas se destacando entre as maiores altas.
Entre os bancos, os destaques foram Bradesco (BBDC4), com avanço de 1,70% (R$ 17,67), Banco do Brasil (BBAS3), com alta de 1,35 (R$ 36,16) e Itaú Unibanco (ITUB4), que subiu 1,07% (R$ 23,72).
Também está no radar dos investidores da Bolsa brasileira a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que se encerra amanhã (3) com uma nova decisão sobre a taxa básica de juros do país.
A expectativa é por uma elevação de 0,5%, o que levaria a Selic a 13,75% ao ano. “Temos uma sensação de melhora em relação à inflação nos últimos dias devido às decisões do governo em relação à diminuição do ICMS e queda nos preços de gasolina e energia, mas se trata de um alívio temporário. Ainda não temos o problema da inflação resolvido”, diz Labarthe, argumentando que esse pode não ser o último aumento do ano.
O dólar comercial fechou em alta de 1,94%, negociado a R$ 5,2792, depois de oscilar entre R$ 5,1908 e R$ 5,2801.
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