Na esteira do recuo das bolsas de Nova York, o Ibovespa fechou em queda de 0,89% hoje (22), aos 110.500 pontos. Investidores adotaram cautela neste início de semana que reserva o simpósio de Jackson Hole, conferência anual global de bancos centrais.
Em meio ao movimento de aperto monetário nos Estados Unidos e na Zona do Euro, o mercado aguarda o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), para alinhar expectativas em relação ao próximo encontro de ajuste dos juros.
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Na semana passada, alguns membros do Fed deixaram os investidores com o pé atrás. James Bullard, do Fed de St Louis, e Esther George, do Fed de Kansas City, deram declarações que apontam que o banco central dos EUA não deve parar sua trajetória de altas nos juros tão cedo.
O objetivo é colocar a inflação, atualmente em 8,5%, de volta no patamar de 2%. Para isso, Bullard defende aumentos agressivos da mesma magnitude dos últimos dois encontros: de 0,75 ponto percentual.
O simpósio, que vai acontecer na próxima sexta (26), reúne os principais formuladores de políticas monetárias de todo o mundo e já foi usado no passado pelos presidentes do Fed como um local para anúncios de mudanças importantes. Investidores devem ficar atentos a novas sinalizações de Powell sobre o ritmo do aperto monetário dos próximos meses.
Até lá, os índices em Wall Street são penalizados pelas incertezas do mercado. O Dow Jones caiu 1,90%, a 33.065,52 pontos, o S&P 500 recuou 2,13%, a 4.138,30 pontos, e o Nasdaq teve queda de 2,55%, a 12.381,57 pontos.
Por aqui, o Ibovespa acabou contaminado pelo clima negativo de Nova York. O principal índice de ações da B3 vinha de altas consecutivas, impulsionado pela melhora nas perspectivas de inflação no Brasil e nos EUA. Em quatro semanas, a valorização chegou a 10%.
No entanto, sem clareza sobre os próximos passos do Fed, os temores em relação a um aperto dos juros mais severo e a uma possível recessão econômica nos EUA diminuíram o apetite por risco do mercado.
O maior destaque do dia foi a Americanas (AMER3), que avançou 22,49%, a R$ 15,96, após anunciar a primeira troca de comando da empresa em duas décadas. Sergio Rial, ex-presidente do Santander Brasil, assumirá a liderança da varejista a partir de 2023.
Analistas do JPMorgan escreveram em relatório que a notícia é vista como positiva pelo mercado, dado o histórico de Rial em setores que enfrentam transformação digital e a maior relevância que a Ame, fintech da empresa, deve ganhar sob seu comando.
A alta das ações da Petrobras também ajudou a conter uma queda maior do Ibovespa. Na sexta (19), os acionistas da estatal elegeram novos membros do conselho de administração e a empresa iniciou a fase não vinculante de processos de venda de três refinarias.
As ações preferenciais (PETR4) da petrolífera saíram na frente e subiram 2,14%, a R$ 32,41. Já os papéis ordinários (PETR3) tiveram alta de 1,59%, a R$ 35,87.
Na ponta de queda quem mais perdeu foi a Petz (PETZ3), que fechou pelo quinto dia consecutivo no vermelho. A empresa reverteu os ganhos que registrou no mês, que chegaram a 27,7% em seu melhor momento. Hoje a queda foi de 7,07%, a R$ 9,60.
O dólar comercial fechou em leve queda de 0,03%, a R$ 5,1665.
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