Henri Armand Slezynger nasceu em abril de 1936 em Antuérpia, na Bélgica. Três anos depois, seus pais – e mais 30 parentes – embarcaram para o Brasil fugindo da guerra. “Fomos todos para o Rio de Janeiro. Lá fiz o primário, o secundário… Depois tive a sorte de ser aprovado no MIT e fui para lá fazer o curso de engenheiro químico”, lembra.
“No fim do curso, o MIT oferecia um mestrado que dava estágios em fábricas. Fui para a Pfizer, que naquela época estava construindo uma fábrica de antibióticos no Brasil e gostou da ideia de ter engenheiros brasileiros. Fiquei quase dois anos em várias unidades da Pfizer americana. Voltei para o Brasil e fui trabalhar na fábrica de antibióticos dela, em Guarulhos. Naquele momento, no início dos anos 1960, o Brasil era o terceiro maior produtor de antibióticos do mundo.”
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Henri passaria os dez anos seguintes na companhia. Só não foi presidente da Pfizer brasileira por culpa de uma reviravolta de última hora na cúpula da multinacional. Como “consolação”, ofereceram a ele cargos na Argentina (que vivia um clima de guerrilha urbana) e na América Central, onde teria que conviver por vários meses com o presidente da região, seu colega de MIT, cujo cargo ele “roubaria” no fim desse período. Recusou ambas as ofertas e saiu da Pfizer.
Fundou então a Proquigel, em um imóvel alugado no bairro da Mooca, para produzir resinas acrílicas para lanternas automotivas, um mercado que estava no centro das atenções. No fim dos anos 1970, fundou a Central de Polímeros da Bahia (CPB), que seria vendida à Bayer em 1997.
Na mão inversa, Henri começou a comprar empresas (Metacril da Degussa, CBE da Basf, Acinor da Rhodia, EDN da Dow) e, com esse portfólio, agigantou-se sob o nome Unigel.
Em 2019, assumiu as fábricas de amônia e ureia da Petrobras – inauguradas em 2021, elas se tornaram as maiores produtoras de fertilizantes nitrogenados do Brasil.
Em 2022, anunciou a construção da primeira fábrica de hidrogênio verde do país – que, ao iniciar as operações, em 2023, será a maior do tipo no mundo.
“Deixa eu explicar um pouquinho o que é hidrogênio verde. O hidrogênio, normalmente, vem do gás natural, que é CH4 (tem quatro hidrogênios e um carbono). O problema é o carbono, por causa do aquecimento global. Então, para fazer hidrogênio sem carbono, você pode tira-lo da água. Só que, para tirar da água, precisa passar por um processo de separação, a eletrólise, que é imensa consumidora de energia. Outro problema do hidrogênio é o transporte. Você precisaria liquefazer o gás em temperaturas baixíssimas e pressões muito altas. É impraticável. Então você o transporta como amônia. Uma fábrica de amônia é muito cara e leva tempo para construir. Nós já temos a fábrica, por isso anunciamos que nosso próximo passo é fazer o hidrogênio verde. Choveu empresa internacional querendo participar.”
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O hidrogênio como combustível, explica ele, pode ser usado em automóveis, mas o uso mais imediato deve ser na marinha mercante. “A própria amônia pode ser usada como combustível, bastam algumas adaptações nos motores.”
Sorrindo do início ao fim da entrevista, o novo bilionário não escondeu a sensação de realização por “sair na Forbes”: “Estou muito honrado, não estou acostumado com isso”. E aproveita o “holofote” para citar as ações sociais do grupo que dirige – de uma escola para crianças carentes em Candeias, na Bahia, ao MIT, em Massachusetts.
Empresarialmente, nenhum arrependimento. “Uma coisa que me frustra é que eu abandonei as aulas de violino.” Por que parou? A resposta vem com um sorriso ainda mais jovial: “Por amor à música”.
A lista de bilionários brasileiros segue os critérios da Forbes norte-americana, que tem a participação acionária em empresas listadas em Bolsas de Valores como principal fonte de informação. A data de corte da apuração do patrimônio foi 31 de maio de 2022.
A edição 100 da Forbes Brasil, com a lista completa, já está disponível nos aplicativos na App Store e na Play Store.