O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), órgão responsável pela supervisão dos bancos centrais globais, instou as principais economias a seguirem em frente com fortes aumentos das taxas de juros, apesar da crescente ameaça de recessões e da volatilidade no mercado de câmbio.
O relatório trimestral do BIS, com sede na Suíça, reconheceu que os riscos de recessão e de dívida estão aumentando, mas disse que reduzir a inflação global crescente continua sendo fundamental.
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“É importante agir de forma oportuna e contundente”, disse o chefe do Departamento Monetário e Econômico do BIS, Claudio Borio. “Antecipar (os aumentos de juros) tende a reduzir a probabilidade de um pouso forçado.”
O Federal Reserve, banco central dos EUA, deve elevar os custos dos empréstimos acentuadamente mais uma vez nesta semana. Seus movimentos bruscos de política monetária neste ano, bem como a invasão da Ucrânia pela Rússia, já provocaram turbulência generalizada no mercado financeiro.
Questionado sobre se havia um ponto em que os bancos centrais teriam ido longe demais no aperto monetário, Borio disse que essa é a “pergunta de 1 bilhão, 3 bilhões, qualquer número de bilhões que você queira dizer, de dólares”.
O que a torna particularmente complexa, acrescentou ele, é que esta é a primeira vez desde pelo menos a Segunda Guerra Mundial em que as autoridades estão tentando combater a inflação crescente num momento em que crises da dívida já estão aparecendo e há sérias preocupações com os mercados imobiliários superfaturados.
Além disso, as previsões de crescimento têm sido continuamente ajustadas para baixo, enquanto as expectativas de inflação vêm subindo.
“Sabemos que o caminho é bastante estreito”, disse Borio. “Claramente, se antes havia risco de recessão, esse risco aumentou.”
O rápido aumento da inflação, das taxas de juros e dos preços de energia neste ano desencadeou um dos maiores movimentos de venda de todos os tempos nos mercados financeiros.
Uma seção especial do relatório do BIS apontou para o potencial de mais problemas à frente.
O documento alertou que uma substituição do petróleo russo seria difícil, dada a capacidade ociosa limitada de outros grandes produtores e o investimento moderado em novos projetos.
Isso pode levar a aumentos persistentes dos preços de produtos relacionados ao petróleo, enquanto o salto nos preços do gás natural pode ter um impacto grande e prolongado nos custos de eletricidade e representar um grande obstáculo à produção industrial.
Fora dos Estados Unidos, a alta do dólar está aumentando os problemas de inflação e também pressionando países menos desenvolvidos fortemente endividados em dólares, que agora lutam para pagar suas obrigações à medida que suas próprias moedas se desvalorizam.
“Isso pode levar a mais pressão para aperto da política monetária para evitar uma grande depreciação e também pode induzir, como ferramenta adicional, a intervenção em moeda estrangeira, como já ocorreu em vários países”, disse Borio.
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