A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 4,16 bilhões (R$ 21,53 bilhões) em agosto, informou o Ministério da Economia hoje (1), saldo 48% menor do que o observado no mesmo mês de 2021. Ainda assim, o dado veio melhor do que a expectativa do mercado. Pesquisa da Reuters com economistas apontava projeção de saldo positivo de US$ 3,80 bilhões (R$ 19,76 bilhões) para o período.
O movimento de redução do saldo é explicado por um crescimento mais forte das importações. O número do mês passado é resultado de US$ 30,84 bilhões (R$ 160,37 bilhões) em exportações, que cresceram 8,4% em comparação com o mesmo mês de 2021, e US$ 26,67 bilhões (R$ 138,68 bilhões) em importações, alta de 30,5%.
A dinâmica das exportações no mês foi explicada por uma alta de 5,3% nos preços dos produtos e de 8,0% no volume vendido.
No recorte por atividade econômica, houve avanço nas exportações de agropecuária (+38,4%) e da indústria de transformação (+24,8%).
A indústria extrativa, por sua vez, recuou 30,2% no valor exportado, com impacto de uma queda média de 22,0% nos preços dos produtos e de 6,6% no volume embarcado. No segmento, houve queda intensa nas exportações de minério de ferro, um recuo de 56,2% no valor vendido porque os preços caíram pela metade em comparação com o pico atingido em agosto de 2021.
No mês, o crescimento mais intenso no valor das importações foi impulsionado por uma alta de 20,5% nos preços dos produtos e de 14,9% no volume comprado.
No acumulado de janeiro a agosto, o comércio exterior brasileiro registrou um saldo positivo de US$ 44,1 bilhões (R$ 229,32 bilhões), patamar 15,8% menor do que o observado no mesmo período de 2021.
O resultado do ano é fruto de US$ 225,1 bilhões (R$ 1,1 trilhão) em exportações (+18,4%) e US$ 181,0 bilhões (R$ 941 bilhões) em importações (+31,5%).
A última projeção do Ministério da Economia para a balança comercial no encerramento de 2022 aponta para um superávit de R$ 81,5 bilhões, mas a Reuters mostrou que o governo deve revisar o dado para baixo diante da forte alta nos valores de produtos importados pelo país. A próxima projeção oficial será divulgada no início de outubro.
O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, disse ser possível que a balança supere o saldo recorde de 2021, de US$ 61,4 bilhões (R$ 319,2 bilhões), mas destacou incerteza em torno das estimativas.
“Observamos uma grande volatilidade nas previsões por conta do efeito preço”, disse. “Precisaríamos de mais US$ 26 bilhões (R$ 135,2 bilhões) nesses quatro meses do ano para pelo menos igualar ao (saldo do) ano passado, é possível que isso aconteça, é difícil prever esse comportamento de saldo“.
Ele ressaltou que como o pico da cotação internacional do minério de ferro foi atingido em agosto do ano passado, o fator preço deve pesar menos para baixo na comparação interanual dos próximos meses.