Sei que pode soar estranho, mas, riqueza e independência financeira não são, necessariamente, a mesma coisa. Existem algumas sutilezas que diferenciam estes conceitos e compreender isso irá te ajudar a fazer um planejamento financeiro tangível e em linha com quem você é, e não com quem você acredita que precisa ser para atender expectativas alheias.
Uma pessoa independente financeiramente, reúne as condições necessárias para ficar rica, mas, nem sempre uma pessoa rica tem as condições para ser independente financeiramente.
Bugou? Segue comigo aqui e você vai ver que é simples.
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O que define riqueza?
Apesar de termos algumas referências ligadas ao imaginário coletivo de riqueza, defini-la de uma perspectiva pessoal, é complexo e altamente subjetivo.
Quando eu morava numa comunidade carente do Rio de Janeiro, dormindo em um colchonete no chão da sala e me vestindo com roupas vindas de doações, minha percepção de uma vida rica era morar no asfalto, numa casa em que não chovesse dentro, ter uma cama confortável, comida farta, um bom carro, viajar de avião… coisas assim. E se você pensar bem, não estava errado, pois é uma questão de perspectiva.
Para alguém que possui uma casa em condomínio fechado de classe média alta, um bom carro (financiado), e faz uma viagem de férias por ano parcelando as contas no cartão de crédito, riqueza pode estar ligada a possuir uma mansão em Angra ou Balneário Camboriú, poder fazer inúmeras viagens por ano sem ter que pensar no preço, comprar grifes caras, frequentar lugares exclusivos. Enfim, de novo, uma questão de perspectiva de onde estamos olhando.
É claro que o acesso ao consumo de alto padrão é ditado pelo nível de riqueza, mas, não confunda desejo e necessidade. Diferenciar esses dois conceitos ajuda a entender (e buscar) a independência financeira.
O que é independência financeira
Ser financeiramente livre significa viver de acordo com suas próprias regras. Ou seja, é conquistar um montante financeiro cuja rentabilidade gerada seja suficiente para custear o padrão de vida que você definiu como ideal para ter tranquilidade e segurança, sem depender de um emprego para isso.
Vou te dizer uma coisa que subverte o imaginário coletivo: não é ficar rico que vai te dar independência financeira, mas sim o inverso, alcançar independência financeira abrirá os caminhos para ficar rico. Compreender isso, muda seu jogo.
Buscar liberdade financeira, envolve autoconhecimento e definição de metas muito realistas quanto ao que é um padrão de vida que atende suas necessidades de forma confortável, prazerosa e sem sacrifícios. Acima disso, aí sim é a busca por riqueza material, e está tudo bem. Não há nada de errado em ter esta ambição, desde que a riqueza não seja um fim em si mesma.
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Como bem sabemos, a riqueza não tem limite superior. Quando se trata de viver bem e ter acesso a luxos, não há barreiras para os valores que se pode empenhar nisso. Entretanto, quando você coloca apenas a riqueza como meta, ela se torna intangível e muito difícil de alcançar.
Sendo assim, definir qual a sua meta financeira para não depender de emprego, pensão de aposentadoria ou quaisquer outros meios de gerar recursos para bancar sua vida é muito mais inteligente, já que ao atingir este primeiro objetivo, você passa a ter tranquilidade para definir novos patamares a buscar. Step by step, esse é o jogo.
Menos significa mais
Eu não faço parte da corrente que acredita que cortando o cafezinho ou economizando creme dental você irá enriquecer. Isso é ilusão. Você precisa se conhecer, entender seu orçamento pessoal e elencar suas prioridades.
O mais importante é compreender o que são necessidades genuinamente suas e o que é pressão social. Enquanto você tiver como prioridade viver de aparências para impressionar os outros, não vai trilhar o caminho da liberdade financeira.
Liste o que é imprescindível para viver. E aqui vale o que é imprescindível para você. Se, por exemplo, o cafezinho, o cinema semanal e as férias na praia são relevantes para sua felicidade e equilíbrio emocional, não há problema algum em mantê-los na lista do que é imprescindível e precificá-los dentro do orçamento. Bom senso e equilíbrio são a chave para um planejamento financeiro eficiente.
Acredito que quando aprendemos a ressignificar nossa relação com o dinheiro e paramos de nos pautar por um imaginário coletivo de vida que parece comercial de resort, compreendemos que o topo da curva de satisfação é a suficiência, e este é um conceito muito importante.
Ao colocar independência financeira dentro de uma perspectiva quantificável de suficiência, ela se torna tangível, ao contrário do que acontece quando a meta é simplesmente riqueza, que além de muito subjetiva, é algo que está em permanente mudança de escala, pois quanto mais avançamos no padrão de vida, novos patamares passamos a desejar, e isso vira uma busca infinita, geralmente pautada por padrões externos a nós e, definitivamente, isso não traz liberdade emocional e nem financeira.
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