O iFood não está com pressa para se tornar uma empresa lucrativa, uma vez que suas ambições de crescer nas entregas de itens de supermercados e em serviços financeiros devem exigir foco em crescimento por alguns anos, disse o presidente e fundador da companhia, Fabricio Bloisi.
“Nossos negócios de mercado e fintechs vão crescer ainda por 5 a 7 anos”, disse Bloisi à Reuters em entrevista por vídeo. “Se buscar a rentabilidade muito rápido, pode matar o negócio.”
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Os comentários sublinham como a empresa, criada em 2011 e hoje o maior aplicativo de entrega de refeições do Brasil, tem mantido sua estratégia de crescimento acelerado, na contramão da indústria global de capital de risco que, diante de um cenário pós-pandemia de juros altos e baixo crescimento econômico, tem visto startups no país realizarem milhares de demissões.
Com receita superior a 2,5 bilhões de reais no primeiro semestre, alta de 28% sobre um ano antes, segundo dados da Just Eat Takeaway, o iFood tem mantido sua expansão apoiada em parte nos negócios de entregas de itens de supermercado e de fintech, que deslancharam com o isolamento social durante a pandemia.
Apesar de a operação principal de entrega de refeições já ser lucrativa, o companhia teve um prejuízo líquido de cerca de 120 milhões de euros no primeiro semestre de 2022, também segundo números divulgados pela Just Eat Takeaway.
Atendendo uma rede de cerca de 320 mil restaurantes no país, o iFood busca agora elevar sua base de mercados, hoje de cerca de 30 mil, além de estabelecimentos como farmácias e lojas de bebidas, adicionadas mais recentemente.
Segundo Bloisi, por operar um serviço com forte recorrência dos clientes, a empresa tem também mais oportunidades de rentabilizar o negócio. A companhia inaugurou o braço de serviços financeiros há cerca de um ano.
“Nossos clientes compram em média duas vezes por semana, enquanto no comércio eletrônico essa frequência é bem menor.”
Os comentários de Bloisi ocorrem semanas após a Prosus ter anunciado acordo para pagar até 1,8 bilhão de euros para comprar da Just Eat Takeaway pela fatia de 33% que ainda não detém no iFood.
Ao ter o controle concentrado na Prosus, divisão internacional de ativos da sul-africana Naspers, o iFood terá uma condição distinta de demais empresas baseadas em capital de risco, que têm sido muito pressionadas por investidores a mostrar logo que podem ser rentáveis.
Segundo Bloisi, além dos investimentos em expansão orgânica, o iFood também pode fazer aquisições. “É uma chance muito boa”, afirmou ele, sem no entanto, detalhar quais podem ser os alvos.
Executivos da Movile, veículo de investimento que no Brasil controla o iFood, têm dito que sua inspiração para o grupo são conglomerados chineses como Alibaba e Tencent, que têm negócios tão distintos quanto games e serviços de mensageria.
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