O impacto sobre a economia da zona do euro e sua moeda de uma crise energética que se aprofunda é tão grave que um aperto monetário mais agressivo do Banco Central Europeu pouco fará para impedir a queda do euro.
A moeda caiu ontem (5) abaixo de 99 centavos de dólar pela primeira vez desde o final de 2002 depois que a Rússia interrompeu o fornecimento de gás natural através do principal gasoduto para a Europa, elevando os preços da energia e aumentando os temores sobre uma crise de oferta.
O combalido euro estará à frente e ao centro da reunião do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira, já que a moeda fraca – queda de 13% em 2022 – pode piorar a inflação já recorde ao encarecer as importações.
Alguns formuladores de política monetária disseram que o banco deve prestar mais atenção ao euro do que em períodos anteriores de fraqueza, porque o preço do gás é em dólares e um euro fraco amplifica os efeitos do aumento dos custos de energia.
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Os mercados monetários precificam 80% de chance de um aumento superdimensionado de 75 pontos base nesta semana, mas os analistas acham que isso faria pouco para ajudar a moeda.
“Esse grande aumento da taxa não fará nada para resgatar o euro. Uma recessão está à frente e as preocupações geopolíticas são incontroláveis”, disse Agnès Belaisch, estrategista do Barings Investment Institute. “Na verdade, as chances são altas de que o aumento das taxas de juros coincida com a inflação e a recessão em 2023.”
O Goldman Sachs previu ontem que o euro enfraquecerá para 97 centavos de dólar e permanecerá nesse patamar pelos próximos seis meses porque a destruição da demanda, causada pela crise do gás, levará a “uma contração mais profunda e mais longa”.
A Capital Economics revisou sua previsão para 90 centavos de dólar para o próximo ano –uma queda de 9% em relação aos níveis atuais.
O euro está inversamente correlacionado aos preços do gás há meses, o que significa que tende a cair quando os preços da energia aumentam. Os preços do gás subiram 255% em 2022 e na segunda-feira saltaram 30%.
A zona do euro está quase certamente entrando em recessão, com a atividade de negócios contraindo pelo segundo mês em agosto.
O choque de energia está cobrando um preço alto, enquanto os dados sugerem que os especuladores aumentaram suas apostas contra a moeda.