Durou pouco a recuperação das bolsas. A alta generalizada vista nos mercados internacionais ontem (28) não se estendeu para esta quinta-feira (29). Em linha com as bolsas estrangeiras, o Ibovespa saiu do zero a zero de ontem e entrou no vermelho, com recuo de 0,80% na abertura, a 107.644 pontos.
Investidores adotaram o modo de cautela com as recentes notícias vindas da Europa. A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, voltou a defender o plano de cortes de impostos que deve aumentar a dívida pública e a inflação, o que não é bem visto pelos mercados financeiros.
Na zona do euro, pesquisa divulgada hoje mostrou que o índice de sentimento do bloco caiu em setembro ao menor nível desde novembro de 2020. Inflação recorde, crise energética e perspectiva de recessão no bloco são apontados como os motivos para a queda no índice.
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Embasando a análise, o órgão alemão RWI Institut reviu a sua projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2023 no país e o número aponta recessão: queda de 0,4% frente a previsão anterior de alta de 1,3%, sinalizada em abril.
Segundo o órgão, a crise energética é a maior vilã da Alemanha. Os preços de energia dispararam no país com a necessidade de economizar gás que irá diminuir a produção das empresas. O RWI também espera que a inflação alemã termine em 8,8% no próximo ano, ainda sob o impacto dos preços de energia.
Às 10h (horário de Brasília), o DAX, da Alemanha, caía 1,61%, o FTSE 100, da Inglaterra, perdia 1,59% e o índice pan-europeu, Stoxx 600, tinha queda de 1,72%.
Em Wall Street, os índices futuros também apresentavam queda no mesmo horário. O Dow Jones perdia 1,02%, o S&P 500 caía 1,26% e o Nasdaq recuava 1,57%.
O dia começou com a notícia de que o PIB do segundo trimestre caiu 0,6%, de acordo com a terceira divulgação de dados feita hoje. O resultado veio igual a previsão do mercado e acima dos -1,6% prévios.
Por ser o segundo trimestre consecutivo com o PIB em queda, isso já configura um cenário de recessão técnica nos Estados Unidos.
O Departamento de Comércio também divulgou o Índice de preços de gastos com consumo (PCE), um dos principais indicadores que o banco central dos EUA usa em suas deliberações sobre as taxas de juros.
Os dados indicaram aceleração do indicador no segundo trimestre para 7,5%, acima dos 7,1% previstos e dos 7,1% da segunda divulgação. O núcleo do PCE, que descarta itens voláteis como alimentos, também acelerou, para 5,60%, muito acima da projeção de 4,40% e dos 5,20% vistos previamente.
Por aqui, com o cenário deteriorado lá fora, o Ibovespa abriu em queda. Das 90 ações listadas no índice, somente seis delas saíram do leilão com sinal positivo.
No noticiário interno, o destaque é para o índice de inflação IGP-M, que apresentou uma queda de 0,95% em setembro, depois de recuar 0,70% em agosto.
De acordo com a FGV (Fundação Getúlio Vargas), a queda dos preços das commodities e dos combustíveis foi responsável pela desaceleração do índice de preços.
“O preço do minério de ferro caiu 4,81%, ante queda de 5,76% na última apuração. Já os preços do diesel (de -2,97% para -4,82%) e da gasolina (de -8,23% para -9,18%) recuaram ainda mais em setembro”, explicou André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV.
Além disso, Étore Sanchez. economista chefe da Ativa Investimentos, destaca a proximidade do pleito eleitoral, no domingo, e o último debate com presidenciáveis nesta quinta, na rede Globo. Para ele, o tema adiciona volatilidade às negociações no Ibovespa.
O dólar comercial apresenta alta nesta manhã, de 0,73% às 10h15 (horário de Brasília), negociado a R$ 5,389.
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