O Ibovespa conseguiu fechar com uma pequena alta hoje (28), após dois dias de perdas que renderam 5% de desvalorização ao principal índice de ações da B3. Nesta quarta, o IBOV subiu 0,07%, a 108.451 pontos.
Assim como nos dias anteriores, a Bolsa brasileira acompanhou o humor de Wall Street. Os temores com o aperto monetário dos bancos centrais e a possível recessão econômica deram uma trégua nesta quarta para que as ações buscassem alguma recuperação.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Não que algo tenha mudado no panorama geral. O Fed, banco central norte-americano, segue dando sinais de apertos mais agressivos nos juros e determinação em trazer a inflação de 8,3% de volta para a meta de 2%.
Hoje, Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, defendeu um quarto aumento de 0,75 ponto percentual nos juros em novembro, seguido por uma alta de 0,50% em dezembro. “A inflação ainda está alta, alta demais… e não está se movendo com velocidade suficiente de volta à nossa meta de 2%”, disse Bostic.
Para ele, as taxas no país devem atingir um nível entre 4,25% e 4,5% até o final do ano.
Na Europa, o Banco de Inglaterra (BoE) anunciou que vai intervir para tentar acalmar os mercados por meio da compra de dívida pública com prazos mais longos. Segundo o comunicado, a compra será feita “na escala que for necessária” para “restaurar a ordem”.
O movimento é contrário ao visto durante a pandemia, quando o BoE anunciou vendas de títulos em grande escala com o objetivo de “reduzir o balanço”. Porém, com a inflação elevada, a subida dos juros e a desvalorização da libra esterlina, as coisas saíram do controle.
“Quando as taxas de juros sobem muito, o mercado começa a ficar apavorado porque os títulos perdem muito valor. As taxas dos prefixados sobem e o valor dos títulos cai”, explica Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Research, em nota aos clientes.
Em meio às notícias da Inglaterra, autoridades do banco central da zona do euro anunciaram nesta quarta-feira que uma alta de 0,75 ponto percentual dos juros do bloco econômico em outubro é uma possibilidade.
Atualmente, a taxa de refinanciamento e de empréstimo da zona do euro valem, respectivamente, 1,25% e 1,50%. Já a taxa de depósito, que é o juro mais importante do bloco, está em 0,75%.
Com todos esses aspectos de lado por um dia, os índices de Wall Street registraram forte recuperação. O Dow Jones subiu 1,88%, a 29.681,76 pontos, o S&P 500 avançou 1,96%, a 3.718,67 pontos, e o Nasdaq ganhou 2,05%, a 11.051,64 pontos.
Por aqui, o Ibovespa teve uma recuperação mais tímida.
A queda de 1,35% nas ações preferenciais (PETR4) da Petrobras seguraram uma alta maior do índice de ações, isso porque a petroleira tem um peso de 6,63% na carteira. As ações ordinárias (PETR3) também recuaram, 0,70%, mas têm uma participação menor no Ibovespa, de 4,32%.
Os destaques do dia foram as ações de construtoras e de educação. No caso das construtoras, Cyrela (CYRE3) puxou as altas com um avanço de 8,15%, depois que os analistas do Itaú BBA elevaram a recomendação do papel a “outperform”, ou seja, “compra”.
O relatório do banco indicou fatores macroeconômicos positivos para o setor que valem para outras ações do segmento. Com isso, MRV (MRVE3) e Eztec (EZTC3) pegaram carona nos ganhos, alta de 7,52% e 2,79%, respectivamente.
As ações de educação tiveram um caminho similar, apoiadas nas projeções de crescimento de alunos no segmento presencial e margens melhores num possível retorno forte do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior).
Na liderança do setor e do Ibovespa despontou a Yduqs (YDUQ3), que valorizou 11,38%, seguida por Cogna (COGN3), com alta de 3,90%.
No câmbio, o dólar comercial acompanhou o recuo observado lá fora, com o índice DXY caindo 1,21%, a 112,72. A moeda norte-americana perdeu 0,50% frente ao real, a R$ 5,3497.
>> Inscreva-se ou indique alguém para a seleção Under 30 de 2022
(Com Reuters)