Na manhã de ontem (15), o Banco Central (BC) divulgou seu índice de atividade, o IBC-Br, com a variação da atividade econômica em julho. O chamado “PIB do BC” cresceu 1,17% em julho na comparação com junho. No acumulado desde julho de 2021, o crescimento foi de 3,87%.
Esse resultado supera as projeções do Relatório Focus, divulgado todas as segundas-feiras pelo BC. A edição mais recente indica que o mercado financeiro espera um crescimento de 2,1% para este ano e de 0,50% para 2023.
O resultado mais recente do Focus mostra uma melhora nas projeções. No fim do primeiro semestre, a estimativa do mercado era de 1,5% de crescimento. Isso está em linha com a elevação das projeções de crescimento pelo Ministério da Economia, que subiram de 2% para 2,7%.
A diferença nas contas do Focus pode parecer pequena, apenas 0,6 ponto percentual. No entanto, em 2021, a soma de todos os produtos e serviços elaborados pela economia brasileira foi de R$ 8,7 trilhões. Um aumento de 0,6% nesse valor significa mais R$ 52,2 bilhões à disposição dos consumidores para gastar e dos empresários para investir.
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Há dois motivos para esse crescimento. O primeiro é um aumento do consumo dos chamados bens não discricionários. Complicou? É fácil: são os produtos e serviços que “precisam” ser consumidos, como alimentos e energia (é possível adiar a compra de um sofá novo, mas deixar de abastecer o carro dá problema).
A queda dos preços dos combustíveis aliviou um pouco o aperto dos orçamentos domésticos, em especial nas famílias de renda mais baixa. Além disso, gasolina e etanol mais baratos facilitaram o deslocamento durante o período de férias escolares em julho, o que também permitiu movimentar a economia.
Outro ponto é que a atividade vem crescendo em um dos setores mais importantes para o PIB, os serviços. Na terça-feira (13) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), mostrando um crescimento de 1,1% em julho. Foi a terceira alta consecutiva. Em três meses, a atividade do setor cresceu 2,4%, e se encontra 8,9% acima do patamar pré-pandemia.
Já a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada na quarta-feira (14) mostrou uma queda de 0,8% em julho. Em 12 meses, a queda é de 1,8%. Não é um resultado positivo, mas ele confirma a melhora: a baixa nas vendas ocorreu nos bens de maior valor agregado, como veículos e material de construção.
A redução dos preços dos combustíveis também alterou as projeções para a inflação. A alta dos preços “deslizou” de 2022 para 2023, segundo as projeções do Focus.
Nenhum desses movimentos foi muito amplo. Ao contrário, foram mudanças sutis, de casas decimais. Mesmo assim, foram suficientes para influenciar o ritmo da economia e alterar as projeções para este ano e para o próximo. É bastante provável que a revisão da estimativa pelo Ministério da Economia faça com que a próxima edição do Relatório Focus, a ser divulgada na segunda-feira, mostre mais uma melhora do cenário.