Na prática, investir em renda fixa é basicamente comprar um título de dívida de um banco ou de uma empresa. O intuito é emprestar dinheiro ao emissor e, em troca, receber juros por isso — que podem ser prefixados, pós-fixados ou híbridos. A escolha, por sua vez, deve ser feita com base nos objetivos e nas necessidades do investidor, indo de acordo com o que cada um oferece.
Antes de realizar a escolha, é preciso entender o que eles significam. Um título prefixado, como o próprio nome já diz, tem um percentual fixado previamente. Ou seja, na hora em que investe, o investidor sabe exatamente quanto vai resgatar no vencimento. Vale lembrar que o rendimento é nominal, ou seja, é necessário descontar a inflação do período para obter o rendimento real da aplicação.
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Já as aplicações pós-fixadas têm sua rentabilidade calculada por um indexador. Há vários. Podem ser taxas de juros, como a taxa referencial Selic, aquela definida pelo Banco Central (BC), ou a taxa do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro), por exemplo. Nessas aplicações, a remuneração varia de acordo com a flutuação da taxa a que o título está indexado. Ou seja, só é possível saber o ganho no momento do resgate.
“Se o investimento for indexado à Selic, quando a taxa básica de juros sobe, a remuneração também aumenta. Agora, a partir do momento que ela passa a ter espaço para cair, essa remuneração também cai”, exemplifica Camilla Dolle, head de renda fixa da XP Investimentos.
O híbrido, apesar de não ser tão “famoso” quanto os demais, também é uma forma de rentabilidade. Aqui, os mais comuns são os corrigidos por índices de inflação, como o IPCA, e que também pagam juros, definidos no vencimento. Por exemplo, IPCA mais 3% ao ano. Nesse caso, o investidor sabe apenas qual será a diferença (ou prêmio) em relação ao indexador.
Tesouro Direto
Há vários investimentos desses três tipos. Os mais acessíveis são os títulos públicos, negociados por meio do Tesouro Direto. Também há os títulos emitidos por bancos, como os Certificados de Depósito Bancário (CDB), e títulos setoriais, como as Letras de Crédito Imobiliárias (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).
As empresas privadas também podem captar recursos emitindo dívidas. Os papéis mais comuns são as debêntures. Em alguns casos, esses títulos de prazos mais longos têm uma vantagem adicional. Seus rendimentos são isentos de imposto para a pessoa física. E há títulos lastreados em rendimentos futuros, sejam de aluguéis ou do agronegócio. São os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), cujos rendimentos também são isentos de imposto.
Existe uma melhor opção para investir?
De acordo com especialistas ouvidos pela Forbes Brasil, a decisão de qual título de renda fixa comprar tem de ser baseada nos objetivos do investidor. Segundo Antônio Sanches, analista de investimentos da Rico, é preciso analisar qual investimento se adequa melhor às suas necessidades. “Por exemplo, se a pessoa quer garantir a rentabilidade da aplicação considerando que as taxas de juros podem começar a cair, o prefixado é o mais interessante, já que garante uma taxa mais alta que as oferecidas no futuro”, diz o especialista.
Dolle, da XP, complementa que esse é o momento que estamos vendo agora – e que se estenderá pelo menos até o começo do ano que vem. Na última quarta-feira (21), o Copom (Comitê de Política Monetária) interrompeu o ciclo de alta de juros da Selic, mantendo a taxa em 13,75% ao ano: “Com isso, devemos ver um período de estabilização, até ela começar a cair.”
Quanto aos pós-fixados, Oscar Almeida, líder em renda fixa, alocação e estratégia da Blue3, diz que o melhor momento para investir é quando os juros futuros sobem além das expectativas do mercado: “O desempenho desses títulos tende a ser melhor, já que eles são indexados à taxa de juros, por exemplo, e acompanham essa elevação em sua rentabilidade.”
E se a Selic cair?
Dolle acrescenta que, apesar de o BC não ter elevado a Selic, isso não significa que o investidor deva abandonar os títulos pós-fixados: “Por mais que os juros não tenham subido, eles seguirão em patamares elevados por um bom tempo. Então não é nada mal continuar com esses papéis na sua carteira de investimentos.”
Já os híbridos, segundo Sanches, da Rico, são ideais para quando o investidor tem um objetivo futuro com um valor não estabelecido: “O híbrido atrelado à inflação protege o capital da perda de valor ao longo do tempo e proporciona rendimentos prefixados, por isso ele é mais interessante nesses casos”, acrescenta Sanches.
Aposta na diversificação
A maior recomendação, no entanto, é apostar na diversificação. Almeida, da Blue3, explica que o Brasil passa por diferentes ciclos econômicos. Neles, decisões de política monetária (elevar ou baixar juros) e fiscal (alterar impostos) são tomadas conforme as necessidades e os desafios de cada momento. Essas medidas afetam diretamente variáveis importantes como os juros e a inflação.
Por isso, o ideal é que as carteiras dos investidores sejam diversificadas de maneira eficiente, com títulos de renda fixa pós-fixados, prefixados, vinculados à inflação e híbridos. “Dessa forma, a tendência é de maximização dos retornos no médio e longo prazo, independentemente dos impactos de curto prazo de cada ciclo econômico. É sensato, por parte dos investidores, se preparar para um futuro diferente do passado, e a diversificação é a proteção mais poderosa contra a imprevisibilidade de cenários.”
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