A Suzano (SUZB3), maior produtora de celulose do Brasil e uma das maiores do mundo, anunciou na noite de ontem (24) a compra dos ativos brasileiros da americana Kimberly-Clark. A empresa produz “tissue”, usado para papel higiênico e lenços, e era proprietária das marcas Neve e Kleenex, que estão entre as mais conhecidas desse mercado.
Segundo o comunicado da Suzano, a transação envolve a fábrica de tissue em Mogi das Cruzes, que tem capacidade de produzir 130 mil toneladas por ano. Também entraram no negócio as atividades de distribuição de produtos e a marca Neve. As demais marcas serão licenciadas pela Suzano, por um prazo não informado.
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Como o papel tissue é um produto leve, volumoso e de baixo valor agregado, a proximidade entre produtor e consumidores é essencial para garantir os lucros. Ao assumir uma unidade na região metropolitana de São Paulo, a Suzano se aproxima do maior mercado consumidor do País, a região Sudeste.
Resultados na quinta
O valor da transação também não foi informado, mas as estimativas dos analistas vão de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão. A compradora informou apenas que “a operação não altera materialmente seu endividamento nem sua alavancagem”. Esperam-se mais informações na quinta-feira (27), quando a Suzano deve anunciar seus resultados do terceiro trimestre.
Segundo os analistas da Guide Investimentos, o impacto das transação é “marginalmente positivo” para a Suzano. Apesar de o negócio ser complementar à produção de celulose e de a marca Neve ser bastante conhecida, a operação é pequena para ter um impacto significativo nos resultados da Suzano, que produz cerca de 1,3 milhão de tonelada de papel por ano. Apesar de ser muito papel, esse negócio representa 30% das operações da Suzano. Os 70% restantes vêm da celulose. Ou seja, “a operação da Kimberly Clark vai aumentar o volume de papel em apenas 10% e representa cerca de 3% da produção total da companhia”, segundo a casa de análise
Liderança de mercado
A visão dos analistas da Levante Ideias de Investimento é mais positiva. A empresa já era a terceira do Brasil no tissue, com 11,2% do mercado, e é líder nas regiões Norte e Nordeste. Antes do negócio, ela possuía a capacidade de produzir 170 mil toneladas do produto. No segundo trimestre, a Suzano anunciou a construção de uma fábrica em Aracruz (ES) capaz de produzir 60 mil toneladas.
A compra dos ativos da Kimberly Clark em São Paulo eleva a capacidade instalada para 360 mil toneladas por ano. “A aquisição da fábrica em São Paulo e da marca Neve complementam muito bem seu portfólio atual, já a posicionando como a líder de mercado e reforçando sua estratégia da Suzano de agregar valor ao negócio de celulose”, escreveram os analistas.
Segundo a Levante, há outra vantagem. A demanda por papel tissue é relativamente inelástica e menos dependente da renda, e os preços são mais estáveis do que os da celulose, que é uma commodity. “Isso proporciona mais previsibilidade aos resultados da Suzano”, escreveram os analistas.
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